O banqueiro dos pobres se encontrou com a presidente Dilma Rousseff para discutir políticas de assistência social (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2011 às 17h22.
São Paulo – Na quarta-feira (26) a presidente Dilma Rousseff recebeu em Brasília aquele a quem o mundo chama de “o banqueiro dos pobres”. O economista bengali Muhammad Yunus, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2006, conversou com Dilma sobre sua especialidade: o combate à pobreza.
Yunus é conhecido como o pai do microcrédito. Depois de ver uma onda de fome assolar Bangladesh, o economista idealizou um projeto e fundou, em 1983, o banco Grameen, que na língua local significa “povoado”. A ideia era conceder pequenos empréstimos aos mais pobres, para dar a eles a chance de melhorar de vida.
Desde sua criação, o banco de Yunus já emprestou dinheiro para mais de oito milhões de pessoas, sendo que, quase 90% destas são mulheres. A ideia do banqueiro se espalhou por outros 40 países do mundo. O criador é aclamado até hoje, principalmente nos países que seguiram seu exemplo.
Mas, apesar do sucesso exterior, Yunus não é exatamente uma unanimidade em Bangladesh. Pelo menos não entre a liderança do país. Este ano, o governo decidiu tirá-lo da direção do Grameen. Ele não concordou, recorreu à Justiça mas no começo deste mês perdeu o recurso. Agora Yunus está fora da cúpula do banco que criou.
O banqueiro dos pobres recebe críticas de alguns economistas e políticos ao sistema de microcrédito desenvolvido por ele. Alguns veem a iniciativa como uma forma de enriquecer com o dinheiro dos pobres. E é justamente este o tema de um inquérito em Bangladesh, que está investigando as finanças de Yunus. De acordo com o jornal britânico The Guardian, um documentário feito por noruegueses acusa o banqueiro de usar de maneira indevida recursos cedidos ao banco por doadores. Nenhuma das acusações foi comprovada ainda.