Boom econômico da locomotiva asiática vem deixando sequelas graves no meio ambiente do país. Apesar da necessidade de soluções urgentes, governo chinês ainda assiste inerte à evolução gritante das ameaças
Irrespirável (Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 16h43.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h42.
Os níveis de poluição atmosférica na capital da China ultrapassam de forma recorde o que é considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É como se a cidade vivesse um “arpocalípse”, com sérios prejuízos à saúde da população. Em 2012, a poluição do ar matou cerca de 8,6 mil pessoas em quatro grandes cidades chinesas e causou um prejuízo econômico de 1 bilhão de dólares, segundo um estudo da Universidade de Pequim e do Greenpeace
A poluição da água é fonte de preocupação crescente na China e se tornou um dos maiores desafios ambientais do país nas últimas décadas a medida que China caminhava para tornar-se uma das maiores economias mundiais. Nesse cenário, a indústria têxtil chinesa com seus resíduos da produção (metais pesadas, tóxicos e substâncias cancerígenas) é uma fonte significativa de poluição. Uma índústria em grande parte impulsionada pela demanda global por produtos de algodão. Estimativas da OMS indicam que a água contaminada causa mais de 100 mil mortes por ano.
Toneladas de areia invadem as cidades chinesas, todos os anos, cobrindo as ruas e os carros com um pó alaranjado. O fenômeno praticamente paralisa o comércio, fecha escolas e, por vezes, deixa vítimas fatais. A população faz o possível para se proteger, quem está na rua, cobre o rosto, e que está em casa de lá não sai. Vindas do deserto de Gobi, as tempestades de areia chegam sempre que o tempo está árido, com baixa precipitação. Mas as condições naturais não são o único culpado desse A ação do homem, através do desmatamento e da urbanização intensa, ajuda a aumentar as zonas desérticas do país, o que agrava ainda mais a ventania.
Desde 1990, a China tornou-se o maior consumidor de fertilizantes nitrogenados do mundo, que, apesar de ajudarem no crescimento rápido do cultivo, aumentando a oferta de alimentos, também poluem e deterioram o solo quando usados de forma indiscriminada. Um estudo publicado pela revista Nature, a poluição por nitrogênio aumentou 60% em 30 anos no país, uma ameaça para os ecossistemas e a saúde humana. Além do uso de fertilizantes, os pesquisadores atribuem o aumento da poluição por nitrogênio à crescente emissão de gases da indústria, baseada na energia a carvão.
Em algumas regiões da China, a poluição já atinge níveis tão críticos a ponto de ser associada à incidência de câncer na população. Áreas há tempos contaminadas por produtos químicos tóxicos estão entre as que mais geram prejuízo à saúde, a ponto de terem sido classificadas como “aldeias de câncer” pelo governo chinês. Essas substâncias tóxicas originadas de resíduos industriais - muitas das quais proibidas na maior parte do mundo mas ainda permitidas na China – contaminam solo, água e ar, tornando-se potencialmente perigosas para a saúde humana e o meio ambiente.
As espécies exóticas estão invadindo a China. Há registros de pelo menos 400 espécies de animais, plantas e insetos, que foram trazidos para a China desde que o país abriu sua economia no início dos anos 90. Espécies exóticas são a segunda maior causa da perda da biodiversidade no mundo, atrás apenas da ação humana. Organismos introduzidos em um ecossistema do qual não fazem parte prejudicam os processos naturais e os organismos nativos, além de gerar impactos econômicos e sociais negativos. Estima-se que os prejuízos na China girem em torno de 15 bilhões de dólares anualmente, com perda de lavouras e problemas de saúde pública.
O rápido crescimento econômico do país também teve um efeito verdadeiramente danoso nos recifes de corais. Um estudo realizado em conjunto pela China e a Austrália indica que o desenvolvimento do litoral, a poluição e a sobrepesca levaram, ao longos dos últimos 30 anos, ao declínio de 80% dos corais no mar da China meridional.
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