Conservadores: foram obrigados a articular uma aliança com o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte para manter liderança. (Christopher Furlong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2017 às 06h02.
Última atualização em 11 de julho de 2017 às 08h20.
Depois de não conseguir convencer os eleitores a embarcar em sua proposta política para o país, a primeira ministra do Reino Unido tem hoje uma tarefa ainda mais complicada: convencer a oposição. May faz nesta terça-feira ao Congresso um discurso decisivo para seu governo. É esperado que ela atribua a derrota nas eleições de junho ao partido Conservador, anuncie uma mudança no seu estilo de governo, e faça um apelo aos partidos adversários, dizendo precisa dos Liberais Democratas e dos Trabalhistas como aliados e não apenas como críticos.
Há dois meses May tinha tudo que era necessário para seguir em frente com os planos do Brexit e efetivamente tirar o Reino Unido da União Europeia. Convocou eleições diante de altas taxas de aprovação para aprovar com ainda mais facilidade aquilo que é conhecido como “hard-Brexit”. Não deu certo: seu partido perdeu 13 assentos no Parlamento Britânico, ficando com 318 cadeiras, deixando a maioria no passado. Para manter a liderança e May no poder, os Conservadores foram obrigados a articular uma aliança com o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte — um pacto que inclui a injeção de 1 bilhão de libras esterlinas na região.
O partido parece unido em torno de May. O secretário de Estado, Damian Green, que é de fato o vice da primeira ministra, disse ontem que a abordagem de May era uma “maneira adulta de fazer política”. Outros ministros próximos de May apontam que as conversas de um plano para retirar May da liderança do partido são apenas “boatos e fofocas”. Os parlamentares conservadores podem escolher dar um voto de não-confiança à primeira ministra, caso 15% deles cheguem a esse acordo. Assim, um novo líder do partido seria escolhido e May deixaria o posto de primeira ministra.
Apesar das tentativas de união de May, os Trabalhistas continuam em ritmo de eleição. O líder do partido, Jeremy Corbyn, que conseguiu muito capital político durante o último pleito, afirmou que “ficaria muito feliz em fornecer a May uma cópia do manifesto do partido” para que ela tenha novas ideias de liderança. Corbyn, diante da nova rejeição a May, tem também clamado por novas eleições. Em uma entrevista à rede de TV BBC, ele afirmou que espera uma chamada às urnas até setembro. O Reino Unido já teve duas eleições gerais desde 2015, além do referendo que passou o Brexit, em junho do ano passado. Parlamentares trabalhistas já afirmaram que não sairão em favor da presidente e seu “governo zumbi”.