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O ano do auge de Xi Jinping e da queda de Bo Xilai

Um dia antes, no encerramento do 18º congresso da legenda, ele assumiu os cargos de secretário-geral do partido e de presidente da Comissão Militar Central


	Xi Jinping é o novo líder da China: para Xi - que terá como "número dois" Li Keqiang na chefia do Governo - e para o Partido, a transição foi bem-sucedida
 (David Moir/Reuters)

Xi Jinping é o novo líder da China: para Xi - que terá como "número dois" Li Keqiang na chefia do Governo - e para o Partido, a transição foi bem-sucedida (David Moir/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 16h30.

Pequim - A China, segunda maior potência econômica do mundo, elevou Xi Jinping como seu novo líder em um processo de transição caracterizado por escândalos, sendo o maior deles o que envolveu um importante político no cenário nacional, Bo Xilai.

No dia 15 de novembro, um sorridente Xi Jinping se apresentava à imprensa internacional à frente do grupo mais influente do país: o Comitê Permanente do Partido Comunista da China (PCCh).

Um dia antes, no encerramento do 18º congresso da legenda, ele assumiu os cargos de secretário-geral do partido e de presidente da Comissão Militar Central, depois que seu antecessor, Hu Jintao, optou por renunciar a esse último posto.

Com isso, Xi ficou responsável por dois dos três ramos do poder na China - Partido e Forças Armadas -, e em março tomará conta do terceiro, a presidência do país, quando substituirá o próprio Hu Jintao.

Esse cenário lhe mostra com uma posição mais consolidada que Hu, que teve que esperar dois anos para ficar à frente do Exército Popular devido à recusa de seu antecessor, Jiang Zemin, de renunciar com antecedência à liderança da Comissão Militar.

De fato, Xi já começou a dar sinais de que pretende tomar rapidamente o controle: em apenas 15 dias após assumir os dois postos, anunciou sua primeiro ascensão de um comando militar e, em seu segundo discurso desde a nomeação, insistiu que buscaria um "renascimento" do país.

Em seu primeiro pronunciamento à imprensa, ele disse que traçaria como prioridades a luta contra a corrupção e medidas que favorecerão os cidadãos.


Para Xi - que terá como "número dois" Li Keqiang na chefia do Governo - e para o Partido, a transição foi bem-sucedida. Porém, ao longo deste ano, esse êxito final não ficou tão claro.

Em fevereiro, os líderes tiveram que lidar com um grave escândalo, o maior em pelo menos duas décadas na política chinesa e que pôs em evidência as grandes divisões dentro do Partido.

Wang Lijun, até então "número dois" de Bo Xilai, secretário-geral do PCCh na cidade de Chongqing, foi ao consulado americano na vizinha cidade de Chengdu para pedir asilo político.

Lá, antes de se entregar às autoridades chinesas, denunciou várias irregularidades cometidas por Bo em Chongqing e a responsabilidade da esposa deste, Gu Kailai, no assassinato do empresário britânico Neil Heywood, cuja morte, até então, tinha sido atribuída a um consumo exagerado de álcool.

Para o Partido, tratava-se de uma situação sumamente delicada, pois Bo não era apenas seu secretário-geral na cidade mais povoada da China. Era também o "principezinho", ou filho de um dos grandes líderes da revolução comunista (Bo Yibo) e um dos políticos mais populares do país, além de ser o maior porta-bandeira da corrente neomaoísta dentro do partido. Até então, era dado como certo que seria um dos novos membros do Comitê Permanente e um dos líderes mais poderosos da China.

Em março, foi anunciada sua cassação, para grande surpresa dos que ainda ignoravam o que Wang Lijun tinha revelado. Pouco depois, foi divulgado que Gu Kailai era considerada suspeita pela morte de Heywood.


O caso Bo terminaria com a declaração e condenação à morte adiada - o que equivale na prática a uma prisão perpétua - para Gu e uma sentença de 15 anos de prisão para Wang Lijun.

No final de setembro, o Comitê Central do Partido anunciou a expulsão definitiva de Bo Xilai e o colocou à disposição da Justiça, após acusá-lo de crimes como corrupção em massa ou manutenção de relações inadequadas com várias mulheres.

Embora até o momento não haja uma data para o julgamento do outrora poderoso político, poucos duvidam que sua carreira chegou ao fim e que a corrente neomaoísta perdeu um líder carismático que poderia fazer sombra a Xi e ao resto da "quinta geração" de líderes chineses.

Descartadas mudanças na esfera política, resta saber que atitude adotarão nos próximos anos os novos líderes a respeito das reformas econômicas e sociais que muitos consideram imprescindíveis. Mas uma coisa está clara: com a saída de cena de Bo Xilai, as mãos deles ficaram livres. 

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