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Número de mortos sobe para 42 em incêndio na Califórnia

Alimentado pelos ventos, o "Camp Fire" se tornou o incêndio mais devastador já registrado na Califórnia

Incêndio na Califórnia: ao menos 4.500 bombeiros de lugares distantes, como os estados de Washington e Texas, estão trabalhando para frear o avanço das chamas (Eric Thayer/Reuters)
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AFP

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 06h43.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 06h43.

O incêndio florestal que devasta o norte da Califórnia já matou 42 pessoas, convertendo-se no mais fatal da história deste estado da costa oeste dos Estados Unidos.

Milhares de bombeiros lutaram pelo quinto dia consecutivo para conter o incêndio "Camp Fire", aos pés das montanhas de Sierra Nevada e ao norte da capital estadual Sacramento, enquanto equipes de emergência localizaram mais corpos.

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"Hoje foram recuperados os restos mortais de mais 13 pessoas, o que eleva o número total de mortos a 42", disse em entrevista coletiva o xerife do condado de Butte, Kory Honea.

"O incêndio é o mais letal na história da Califórnia", completou.

Apesar da dificuldade para estabelecer comparações devido a algumas inconsistências nos registros, "Camp Fire" parece ser o incêndio florestal mais letal em um século nos Estados Unidos, desde que o "Cloquet Fire" matou quase mil pessoas em Minnesota em 1918.

Ao menos 4.500 bombeiros de lugares distantes, como os estados de Washington e Texas, estão trabalhando para frear o avanço das chamas, enquanto equipes de busca apoiadas por antropólogos e por um laboratório de DNA tentam identificar os restos, às vezes reduzidos a fragmentos de ossos.

Os automóveis que ficaram presos nas chamas foram reduzidos a esqueletos de metal, e pilhas de escombros queimam onde antes havia residências, das quais em alguns casos restam uma parede de tijolos ou uma chaminé.

O incêndio "Camp Fire", que afeta uma ampla região do condado de Butte, ao norte da capital do estado, Sacramento, é o maior e mais devastador de vários focos ativos no estado, que provocaram a fuga de mais de 250.000 pessoas e a destruição de 6.400 casas na cidade de Paradise.

A maior parte das vítimas fatais estava na cidade de Paradise e seus arredores.

Ao sul, o "Woolsey Fire" afeta os condados de Ventura - onde fica a cidade de Malibu, residência de várias estrelas de Hollywood - e de Los Angeles.

As autoridades anunciaram no domingo que encontraram duas pessoas mortas em um veículo, vítimas do "Woolsey Fire".

Ao menos 44 pessoas morreram nos incêndios do norte e sul da Califórnia.

O presidente Donald Trump declarou "uma grande catástrofe no estado da Califórnia e ordenou ajuda federal adicional" para as áreas afetadas, informou a Casa Branca. A medida libera fundos para os condados de Butte, Los Angeles e Ventura.

Enquanto os moradores da área de Malibu conseguiram retornar para suas casas no fim da noite de domingo, na cidade de Calabasas, mais ao nordeste, os habitantes receberam ordem de evacuação.

Triste recorde

"Camp Fire" supera o desastre de Griffith Park, em Los Angeles, ocorrido em 1933 e até agora o incêndio com o maior número de mortos na história da região, de acordo com o Departamento de Bombeiros da Califórnia (Cal Fire).

Alimentado pelos ventos, o "Camp Fire" se tornou o incêndio mais devastador já registrado na Califórnia, com mais de 67.000 imóveis destruídos, incluindo um hospital em Paradise.

As chamas destruíram 45.000 hectares e foram contidas em apenas 25%, informou o Cal Fire, que calcula que precisará de três semanas para controlar totalmente a situação.

As autoridades não conhecem o paradeiro de 200 pessoas na região de Paradise. Várias zonas afetadas pelas chamas ficaram sem serviço de telefonia celular.

Apesar da causa ainda não ter sido oficialmente estabelecida para o incêndio, autoridades do setor elétrico informaram que aconteceu um corte de energia perto do local de origem das chamas, noticiou o jornal Sacramento Bee.

Rápida propagação

Os bombeiros que lutam no sul contra o "Woolsey Fire" se preparam para a chegada dos perigosos ventos de Santa Ana (secos e quentes), que poderiam alastrar as chamas, segundo as autoridades.

"Hoje temos mais de 8.000 bombeiros federais, estaduais e locais nas linhas de frente", afirmou Scott Jalbert, comandante do Cal Fire. "Infelizmente, com estes ventos, não terminou. Tenham cuidado", completou.

O Serviço Nacional de Meteorologia advertiu para condições "extremamente críticas" no combate aos incêndios.

As previsões indicam ventos de 80 km/h na região costeira da Califórnia e de até 96 km/h nas áreas montanhosas.

As autoridades afirmaram que a propagação das chamas foi mais rápida desta vez.

"Há 10 ou 20 anos você ficava em casa quando acontecia um incêndio e e era capaz de ficar protegido", disse o comandante dos bombeiros do condado de Ventura, Mark Lawrenson.

"Mas as coisas não são como eram. A taxa de propagação é exponencialmente maior do que era. Por favor considerem as ordens de evacuação", disse.

O governador da Califórnia, Jerry Brown, também falou sobre o cenário: "Este não é novo normal, este é o novo anormal. E este novo anormal continuará nos próximos 10, 15 ou 20 anos".

"Infelizmente, a melhor ciência nos diz que o calor, a seca, todas estas coisas ficarão mais intensos".

O "Woolsey Fire" devorou zonas de Thousand Oaks, onde a comunidade ainda tenta compreender as mortes de 12 pessoas em um bar de música country depois que um marine veterano abriu fogo.

As chamas consumiram 34.600 hectares, destruíram pelo menos 177 imóveis e estavam controladas em apenas 15%, segundo o Cal Fire.

A residência da cantora Miley Cyrus foi uma das destruídas pelo incêndio.

"Totalmente devastada pelos incêndios que afetam minha comunidade. Sou uma das que teve sorte. Meus animais e o amor da minha vida conseguiram sair com segurança e isto é tudo que importa agora", escreveu no Twitter.

"Minha casa não existe mais, mas as memórias compartilhadas com parentes e amigos permanecem forte" completou.

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