Número de desaparecidos em incêndio na Califórnia ultrapassa 600
O número de mortos no "Camp Fire", o incêndio florestal mais letal da história do estado na costa oeste dos Estados Unidos, subiu para 63
Gabriela Ruic
Publicado em 16 de novembro de 2018 às 20h17.
Última atualização em 16 de novembro de 2018 às 21h38.
Paradise - O número de desaparecidos no incêndio que devasta o norte da Califórnia, nos Estados Unidos , aumentou dramaticamente nesta quinta-feira e supera 600 pessoas, ao mesmo tempo que as equipes de resgate localizam novas vítimas fatais.
As autoridades informaram que a lista de pessoas consideradas desaparecidas subiu de 300 para 631 durante a quinta-feira, depois que investigadores revisaram as ligações de emergência feitas quando o incêndio conhecido como "Camp Fire" começou em 8 de novembro.
"Quero que entendam que o caos com o qual lidamos foi extraordinário quando o fogo começou", afirmou o xerife do condado de Butte, Kory Honea, ao tentar justificar a revis]ao do balanço de desaparecidos.
O número de mortos no "Camp Fire", o incêndio florestal mais letal da história do estado na costa oeste dos Estados Unidos, subiu para 63, depois que as autoridades encontraram mais sete corpos na quinta-feira.
O incêndio em Paradise é o terceiro com maior número de vítimas da história da Califórnia
Dezenas de pessoas morreram por conta dos incêndios no estado da Califórnia
Cerca de 6 mil casas e negócios foram destruídos pelo incêndio em Paradise, Califórnia
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Três pessoas morreram no sul da Califórnia em outro incêndio, batizado como "Woolsey Fire", que devastou áresa de Malibu e destruiu as casas de várias celebridades.
Os socorristas continuam a busca de vítimas do "Camp Fire", incêndio que destruiu 56.000 hectares ao norte da capital do estado, Sacramento.
Materiais para fazer análises genéticas ultrarrápidas são aguardados e "todos que acharem que um membro de sua família morreu podem vir deixar uma amostra de DNA", disse o xerife.
As tarefas de busca se concentram na localidade de Paradise, de 26.000 habitantes, duramente castigada pelas chamas.
Centenas de quilômetros ao sul, perto de Los Angeles, o "Woolsey Fire" já fez arder quase 40 mil hectares, deixando ao menos três mortos.
- "Uma maratona" -
"Estamos no meio de um desastre", disse o governador da Califórnia, o democrata Jerry Brown, enquanto mais de 50.000 pessoas permanecem evacuadas e não poderão voltar para casa por várias semanas.
A Casa Branca informou na quinta-feira que o presidente Donald Trump viajará no sábado para a Califórnia para se reunir com as vítimas.
Trump se "reunirá com pessoas afetadas pelos incêndios florestais", disse uma porta-voz da Casa Branca. O presidente tinha expressado na quarta-feira seu apoio aos californianos no Twitter.
Mas no sábado provocou polêmica ao acusar o estado da Califórnia de "má gestão" florestal em áreas que, em sua maioria, estão sob controle federal.
"Paradise estava bem preparada para este tipo de emergência, mas este incêndio foi sem precedentes, resistente, e muita gente ficou presa", apesar das ordens de evacuação, declarou Brown.
Os bombeiros californianos receberam uma ajuda importante pelo ar, mas o fogo continuava avançando. No norte do estado, não está prevista chuva até o final da próxima semana.
Autoridades locais também emitiram um alerta de poluição do ar devido aos incêndios.
As famílias cujas casas foram incendiadas ainda não podem retornar. "É uma maratona, não um sprint, mas temos que trabalhar todos juntos na reconstrução", declarou Mark Ghilarducci, do serviço de emergências da Califórnia.
- Complicações de saúde -
Carol Hansford, 83, disse à AFP em Chico, perto de Paradise, que deseja desistir. "Já fui evacuada duas vezes, acho que acabou para mim. Não quero mais estar no meio de pinheiros. Perdi tudo", lamentou.
Vários abrigos de emergência estão cheios e a precariedade causa problemas de saúde, segundo as autoridades locais citadas pelo jornal Sacramento Bee.
Em um abrigo em Chico, com 170 evacuados, entre 15 e 20 pessoas foram vítimas de um norovírus, que causa vômitos e diarreia, disse Lisa Almaguer, porta-voz do Departamento de Saúde Pública do Condado.
A origem dos incêndios não é clara, mas vítimas abriram um processo coletivo em San Francisco contra a empresa de eletricidade local Pacific Gas & Electricity (PG&E).
Segundo a denúncia, do advogado Mike Danko, que representa 20 vítimas do Camp Fire, o incêndio pode ter sido causado por "faíscas de solda" sobre uma linha de alta tensão da empresa.
A PG&E negou qualquer responsabilidade.
No último ano, a Califórnia foi afetada por vários incêndios maiores que deixaram um total de quase 100 mortos e queimaram centenas de milhares de hectares. A seca afeta duramente, há vários anos, grande parte deste estado do oeste dos Estados Unidos.