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Novos incidentes acontecem no Cairo

A versão final do projeto de Constituição deve ficar pronta nesta quarta-feira


	Manifestante joga cilindro de gás lacrimogêneo de volta na direção da polícia no Cairo
 (©AFP / Gianluigi Guercia)

Manifestante joga cilindro de gás lacrimogêneo de volta na direção da polícia no Cairo (©AFP / Gianluigi Guercia)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2012 às 19h47.

Cairo - A versão final do projeto de Constituição poderá ficar pronta nesta quarta-feira no Egito, dia em que foram registrados novos choques entre policiais e manifestantes no Cairo, após a inédita mobilização popular de ontem contra a ampliação dos poderes do presidente islamita Mohamed Mursi.

Neste contexto, duas altas instâncias judiciais denunciaram este reforço de poderes anunciado no dia 22 de novembro e os islamitas indicaram que realizarão uma manifestação no sábado em apoio ao mandatário.

A versão final do projeto de Constituição deve ficar pronta nesta quarta-feira, indicou o chefe da comissão responsável pela elaboração deste texto polêmico que estabelecerá as instituições do Egito pós-revolucionário. Segundo a agência Mena, a comissão votará este texto na quinta-feira, para depois submetê-lo a um referendo.

Hossam al-Ghariani, que preside esta comissão dominada por islamitas, convocou liberais, oposição e coptas membros da comissão, que haviam abandonado os trabalhos, para que "voltem e terminem as discussões na quinta-feira".

"Amanhã será um dia emblemático", declarou.

A composição da Comissão Constitucional já é atualmente alvo de recurso no Supremo Tribunal Constitucional.

"Não é um bom momento para precipitar a Constituição, porque estamos em meio a uma extrema divisão", ressaltou Heba Morayef, diretora da ONG Human Rights Watch no Egito.

"As associações de defesa dos direitos humanos estão muito preocupadas com algumas (disposições sobre a) proteção dos direitos no projeto que vimos", acrescentou.


Já a Irmandade Muçulmana e outras formações islamitas realizarão uma manifestação no sábado no Cairo a favor de Mursi, anunciou nesta quarta à AFP o porta-voz do grupo, que havia cancelado uma convocação anterior na terça-feira por ter coincidido com protestos dos opositores ao presidente.

Também nesta quarta-feira, a Suprema Corte do Egito e a Corte de Cassação denunciaram o decreto presidencial de 22 de novembro por meio do qual Mursi ampliou seus poderes.

A Suprema Corte considerou injustificadas as críticas de parcialidade feitas contra a instituição pelo presidente, e a Corte de Cassação anunciou que suspenderá seus trabalhos até que Mursi cancele o questionado decreto.

Os partidários de Mursi consideram que os poderes extraordinários que o presidente atribuiu a si mesmo no decreto de 22 de novembro o permitirão iniciar as reformas indispensáveis no caminho da democracia e serão eliminados assim que a nova Constituição for adotada.

No Cairo, foram registrados nesta quarta novos incidentes entre manifestantes e forças de ordem. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo que chegou às barracas montadas na Praça Tahrir, onde os manifestantes acampam desde 23 de novembro.

Centenas de manifestantes passaram a noite na praça depois de protestos contra o decreto que reuniram dezenas de milhares de pessoas em todo o país.

O decreto de 22 de novembro, que impede que as decisões de Mursi sofram recursos na justiça, provocou uma crise sem precedentes desde a eleição do presidente islamita, em junho.


Três pessoas morreram desde que os incidentes tiveram início, em enfrentamentos entre policiais e manifestantes ou entre manifestantes dos dois campos rivais, segundo fontes médicas. Dezenas ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde.

As manifestações de terça-feira, durante as quais o poderoso movimento da Irmandade Muçulmana também foi alvo de vaias, foram realizadas na maior parte das 27 províncias do país.

No momento em que o Egito precisa de ajuda para reativar a sua economia, o Fundo Monetário Internacional advertiu que "uma grande mudança" na política econômica pode prejudicar o pré-acordo sobre o plano de ajuda de 4,8 bilhões de dólares.

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