Mubarak e seu ministro do interior, Habib el-Adli, foram condenados à prisão perpétua, em junho do ano passado (Maher Iskandar/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
CAIRO - Famílias de egípcios mortos durante os protestos que depuseram Hosni Mubarak reagiram com irritação no tribunal neste sábado quando o juiz do caso contra o ex-presidente impediu que seus advogados participassem do processo.
Mubarak, de 85 anos, foi levado de cadeira de rodas, ao tribunal, usando uma túnica branca, um suéter e os conhecidos óculos de aviador. O ex-general da Força Aérea parecia alerta e em boa saúde, estava com o cabelo preto penteado para trás e ouviu, com a mão no queixo, os poucos minutos que durou o processo.
"Presente," ele disse em voz baixa, quando seu nome foi chamado. Embora muitos egípcios tenham perdido o interesse pelos processos contra o "Faraó" deposto por opressão e corrupção nos 30 anos em que ele esteve no poder, os parentes daqueles que morreram durante a revolta no início de 2011 estão impacientes com juízes, que eles consideram relíquias do antigo regime.
Mubarak, seu ex-ministro do interior e outros assessores, estão sendo processados por cumplicidade no assassinato de mais de 800 manifestantes e já foram bem sucedidos nas apelações contra condenações proferidas há um ano. Também estavam presentes no banco dos réus, enfrentando acusações de corrupção, os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal.
Algumas das várias dezenas de pessoas presentes à segunda sessão no tribunal do Cairo para o novo julgamento insultaram os acusados antes do início da breve audiência processual.
Houve um alvoroço quando então o juiz determinou que ele não permitiria que os advogados das famílias --os requerentes civis -- participassem das futuras sessões. Como é comum no Egito, eles estavam participando dos interrogatórios e examinando as provas no tribunal.
Os advogados dos parentes disseram que vão tentar questionar essa decisão. Embora o acesso público ao julgamento na Academia de Polícia, seja fortemente restrito, por motivos de segurança, alguns parentes de vítimas podiam estar presentes. O julgamento é televisionado.
Mubarak e seu ministro do interior, Habib el-Adli, foram condenados à prisão perpétua, em junho do ano passado, mas um tribunal de apelação aprovou as reclamações em relação à qualidade das provas. O novo julgamento começou há um mês. Uma terceira audiência foi marcada para segunda-feira.