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Nova chefe do FMI é contra “muita testosterona” no comando

Advogada e ex-ministra das Finanças da França, Christine Lagarde substitui Dominique Strauss-Kahn na liderança do FMI

Christine Lagarde é a primeira mulher a chegar à diretoria do Fundo Monetário Internacional (Jim Watson/AFP)
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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2011 às 15h40.

São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) já tem novo chefe. A advogada Christine Lagarde, de 55 anos, foi escolhida nesta terça-feira (28) para substituir Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do órgão que está sendo indiciado em Nova York por crime sexual. Em nota, o conselho do FMI confirmou a escolha de Lagarde para um mandato de cinco anos, a partir de 5 de julho. A escolha chega a ser irônica. Enquanto Strauss-Kahn ganhava o apelido de “grande sedutor” por causa de suas peripécias, Lagarde dizia ao jornal britânico Independent que um dos grandes problemas no sistema financeiro internacional é o excesso de testosterona no comando.

Até ser nomeada para o cargo máximo do FMI, Lagarde atuava como ministra das Finanças da França, função que exercia desde 2007. Seu desempenho na função lhe valeu reconhecimento internacional. Em 2009, ela foi escolhida a ministra do ano pelo jornal britânico Financial Times, e se tornou, junto com o presidente Nicolas Sarkozy, um dos rostos mais conhecidos da França no cenário global.

A carreira de Lagarde é preenchida por pioneirismos. Ela foi a primeira mulher na história da França a ser escolhida para a cadeira do ministério das Finanças e a chegar à diretoria do FMI.

Segundo texto publicado pelo Independent, em 1981 ela conseguiu emprego na regional parisiense de um grande escritório de advocacia americano. “E subiu na carreira, não com a ajuda dos estreitos degraus da política, mas chegou lá pelo elevador de seu próprio talento”, diz o texto. Ela chegou a alcançar a presidência global da empresa.

Muita testosterona

Christine Lagarde é contundente ao falar sobre a função que vai desempenhar. Ela diz que o grande perigo no ambiente financeiro mundial é o fato dele estar dominado pelos homens. Para Lagarde, a culpa da crise de 2008 pode ser atribuída, pelo menos em parte, a homens agressivos e gananciosos dominando as mesas de operações de investimentos.

“Ambientes com um gênero dominante não são bons, particularmente no mundo financeiro, onde há poucas mulheres. Nestes ambientes, os homens tendem querer mostrar como são melhores que os colegas sentados ao lado. Eu honestamente acho que jamais deveria haver testosterona demais em uma sala.”

Investigação

Lagarde recentemente se tornou alvo de uma investigação judicial na França. Ela é suspeita de conduta imprópria em um caso no qual atuou como advogada. Em 2007 ela defendeu o magnata francês Bernard Tapie, que foi dono da fabricante de materiais esportivos Adidas entre 1989 e 1993.

Tapie brigou na Justiça durante quase duas décadas para ser indenizado pelo banco francês Crédit Lyonnais. Ele afirmava que foi enganado pelo banco durante o processo de venda da Adidas, em 1993. Lagarde deu fim à disputa ao conseguir que um grupo especial de juízes examinasse o caso.

A sentença foi favorável a Tapie, que recebeu mais de 200 milhões de euros como indenização. Um procurador público francês pediu que a advogada fosse investigada por irregularidade e até ilegalidade no modo como atuou no julgamento.

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São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) já tem novo chefe. A advogada Christine Lagarde, de 55 anos, foi escolhida nesta terça-feira (28) para substituir Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do órgão que está sendo indiciado em Nova York por crime sexual. Em nota, o conselho do FMI confirmou a escolha de Lagarde para um mandato de cinco anos, a partir de 5 de julho. A escolha chega a ser irônica. Enquanto Strauss-Kahn ganhava o apelido de “grande sedutor” por causa de suas peripécias, Lagarde dizia ao jornal britânico Independent que um dos grandes problemas no sistema financeiro internacional é o excesso de testosterona no comando.

Até ser nomeada para o cargo máximo do FMI, Lagarde atuava como ministra das Finanças da França, função que exercia desde 2007. Seu desempenho na função lhe valeu reconhecimento internacional. Em 2009, ela foi escolhida a ministra do ano pelo jornal britânico Financial Times, e se tornou, junto com o presidente Nicolas Sarkozy, um dos rostos mais conhecidos da França no cenário global.

A carreira de Lagarde é preenchida por pioneirismos. Ela foi a primeira mulher na história da França a ser escolhida para a cadeira do ministério das Finanças e a chegar à diretoria do FMI.

Segundo texto publicado pelo Independent, em 1981 ela conseguiu emprego na regional parisiense de um grande escritório de advocacia americano. “E subiu na carreira, não com a ajuda dos estreitos degraus da política, mas chegou lá pelo elevador de seu próprio talento”, diz o texto. Ela chegou a alcançar a presidência global da empresa.

Muita testosterona

Christine Lagarde é contundente ao falar sobre a função que vai desempenhar. Ela diz que o grande perigo no ambiente financeiro mundial é o fato dele estar dominado pelos homens. Para Lagarde, a culpa da crise de 2008 pode ser atribuída, pelo menos em parte, a homens agressivos e gananciosos dominando as mesas de operações de investimentos.

“Ambientes com um gênero dominante não são bons, particularmente no mundo financeiro, onde há poucas mulheres. Nestes ambientes, os homens tendem querer mostrar como são melhores que os colegas sentados ao lado. Eu honestamente acho que jamais deveria haver testosterona demais em uma sala.”

Investigação

Lagarde recentemente se tornou alvo de uma investigação judicial na França. Ela é suspeita de conduta imprópria em um caso no qual atuou como advogada. Em 2007 ela defendeu o magnata francês Bernard Tapie, que foi dono da fabricante de materiais esportivos Adidas entre 1989 e 1993.

Tapie brigou na Justiça durante quase duas décadas para ser indenizado pelo banco francês Crédit Lyonnais. Ele afirmava que foi enganado pelo banco durante o processo de venda da Adidas, em 1993. Lagarde deu fim à disputa ao conseguir que um grupo especial de juízes examinasse o caso.

A sentença foi favorável a Tapie, que recebeu mais de 200 milhões de euros como indenização. Um procurador público francês pediu que a advogada fosse investigada por irregularidade e até ilegalidade no modo como atuou no julgamento.

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