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Netanyahu prossegue ofensiva diplomática contra Irã em Paris

O Irã anunciou nesta terça-feira que vai aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio e já prepara construção de centrífugas de sua usina

O primeiro-ministro de Israel acredita que o país é o principal alvo iraniano (Philippe Wojazer/Reuters)
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AFP

Publicado em 5 de junho de 2018 às 16h07.

O primeiro-ministro israelense , Benjamin Netanyahu, prossegue nesta terça-feira (4) em Paris sua ofensiva para tentar criar uma frente comum contra o Irã , que anunciou que se prepara para aumentar a sua capacidade de enriquecimento de urânio.

"Há dois dias o aiatolá Khamenei, guia supremo iraniano, expressou sua intenção de destruir o Estado de Israel", disse Netanyahu em um vídeo colocado nas redes sociais.

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"Ontem (segunda-feira) explicou como o faria: enriquecendo urânio sem restrições para constituir um arsenal de bombas nucleares", acrescentou.

"Não nos surpreende. Impediremos que o Irã se dote de armas nucleares", continuou.

O Irã anunciou ter notificado a Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) um plano para aumentar seu número de centrífugas, que servem para enriquecer urânio.

O enriquecimento de urânio permite produzir combustível para as centrais nucleares. Altamente enriquecido, o urânio também serve para fabricar uma bomba atômica.

Israel se considera o alvo principal do Irã se este país se dotar de arma nuclear.

O aiatolá Ali Khamenei havia tuitado no domingo que Israel era "um tumor cancerígeno" no Oriente Médio que deveria ser erradicado.

O Irã assegura que suas atividades nucleares são puramente civis.

O chefe do governo israelense mostrou claramente o objetivo de sua visita ao continente na segunda-feira em Berlim, alertando a chanceler alemã, Angela Merkel, de uma nova chegada de refugiados sírios se não fizerem nada para conter a crescente influência de Teerã no Oriente próximo.

Depois de Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, voltará a insistir na necessidade de salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano que, segundo os países europeus e apesar de seus defeitos, é a única forma de evitar uma proliferação nuclear na região.

No acordo assinado em 2015 e do qual os Estados Unidos se retiraram em 8 de maio, o Irã renunciou a toda ambição nuclear militar em troca de uma suspensão das sanções internacionais que paralisam sua economia.

Netanyahu afirma que o acordo não impedirá que o Irã obtenha a bomba atômica e que a suspensão das sanções ajuda o país a financiar sua expansão regional em Síria, Líbano e Iraque, em detrimento da segurança de Israel. Uma postura compartilhada pelo presidente americano, Donald Trump.

Macron e Netanyahu, que se reúnem pela terceira vez em Paris desde julho de 2017, provavelmente comprovarão mais uma vez as suas divergências sobre a maneira de devolver a estabilidade ao Oriente próximo.

Enfoques diferentes

"Compartilham o diagnóstico sobre o fato de que a presença militar do Irã ou de grupos pró-iranianos na Síria representa uma ameaça duradoura", afirmou a Presidência francesa.

Mas o governo francês pede para ampliar o acordo com Teerã para também abordar o programa balístico iraniano e sua política de influência regional, enquanto Israel pretende obrigar a República Islâmica a voltar a negociar o acordo nuclear.

"O objetivo de Benjamin Netanyahu é sair do isolamento com Washington" e "obrigar, no mínimo, os europeus a reforçar o acordo existente", reintroduzindo, se necessário, as sanções contra o Irã, opina David Khalfa, pesquisador associado do Instituto Prospectiva e Segurança na Europa (IPSE) em Paris.

Israel conta com dois truques para alcançar seu objetivo: a ameaça de sanções americanas contra as empresas europeias, que ainda não entraram em vigor, e o eixo formado por Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita, acrescenta Khalfa.

Diante da questão iraniana, o conflito israelense-palestino fica em segundo plano, embora o presidente palestino, Mahmud Abbas, viajará em breve a Paris.

Em dezembro de 2017, Macron exortou Netanyahu a ter algum "gesto" com os palestinos, mas o processo de paz parece mais estagnado do que nunca, sobretudo desde que os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como capital de Israel.

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