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Netanyahu deixa ONU em silêncio ao denunciar acordo com Irã

Em uma cena semelhante ao desenho sobre a bomba atômica iraniana que apresentou em 2012, Netanyahu surpreendeu toda a ONU em NY com um silêncio de 45 segundos

Benjamin Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU contra acordo nuclear (Mike Segar/ Reuters)

Benjamin Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU contra acordo nuclear (Mike Segar/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 16h33.

Nações Unidas - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, impôs um espetacular silêncio nesta quinta-feira durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, ao denunciar o recente acordo nuclear das potências mundiais com o Irã.

Netanyahu declarou que seu governo "fará de tudo" para se defender de ameaças externas e assegurou que seu governo está disposto a retomar "imediatamente" as negociações de paz com a Autoridade Palestina.

Em uma cena semelhante ao desenho sobre a bomba atômica iraniana que apresentou em 2012, Netanyahu surpreendeu toda a ONU em Nova York com um silêncio de 45 segundos para que o mundo "pense no que fez" sobre as ameaças de Teerã de destruir o Estado hebreu.

"Sessenta anos depois do assassinato de 6 milhões de judeus, os líderes iranianos prometem destruir meu país, matar meu povo, e a resposta desta assembleia, de quase todos os governos aqui presentes, foi inexistente. Silêncio total. Silêncio ensurdecedor", declarou.

O que aconteceu foi um fato pouco usual na Assembleia Geral da ONU, onde os líderes são aconselhados a falar por não mais de 15 minutos, com Netanyahu calado, com gesto sóbrio e um semicírculo mudo.

"Esta é a minha mensagem aos líderes do Irã: seu plano para destruir Israel fracassará. E esta é a minha mensagem aos países da ONU: sejam quais forem as resoluções que vocês adotarem neste local, Israel fará todo o possível para defender seu Estado e seu povo", prosseguiu.

Segundo Israel, o programa nuclear iraniano têm como objetivo a fabricação da bomba atômica, uma visão compartilhada pelos Estados Unidos e por seus sócios ocidentais.

O Irã sempre disse que seu programa nuclear tem objetivos exclusivamente civis e, segundo o acordo assinado em julho passado, deve permitir a verificação de seus laboratórios à AIEA antes de serem suspensas as sanções internacionais que pesam contra o país.

Resposta a Abbas

Netanyahu também aproveitou sua intervenção para responder ao discurso da véspera do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e disse que seu governo está disposto às negociações de paz "imediatamente e sem condições prévias".

"Estou preparado para retomar imediatamente as negociações de paz diretas e sem nenhuma condição prévia", afirmou, pedindo aos palestinos que "não fujam".

"Como pode Israel estabelecer a paz com um sócio palestino que nega-se inclusive a sentar-se à mesa de negociações?", se questionou, exigindo a Abbas que seu governo "respeite seus compromissos".

Na quarta-feira, Abbas ameaçou não respeitar mais os acordos com Israel se o Estado hebreu não fizer o mesmo, por exemplo, continuar com sua política de colonização na Cisjordânia.

"Não podemos continuar atados por estes acordos e Israel deve assumir todas as suas responsabilidades de potência ocupante", disse Abbas no dia no qual os palestino hastearam pela primeira vez sua bandeira na sede das Nações Unidas.

Esta ameaça levaria, na prática, à dissolução de fato da Autoridade Palestina, pela qual, segundo as Convenções de Genebra, Israel deveria então assumir os assuntos civis da população dos territórios ocupados.

Netanyahu referiu-se por último à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, lugar sagrado do Islã e também venerado pelos judeus e cenário de recentes enfrentamentos.

Neste sentido, assegurou que Israel "se comprometeu a respeitar o status quo" e "os lugares sagrados de todos", ao tempo que exigiu a Abbas "denunciar as ações de militantes islamitas que introduzem explosivos na mesquita de Al Aqsa".

A Esplanada das Mesquitas está localizada na cidade antiga de Jerusalém Leste anexada e ocupada por Israel, o que a coloca no centro do conflito israelense-palestino.

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