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Fuga de empregos na China poderia ser atenuada pelo setor de serviços

Indústria chinesa perde postos de trabalho para países com mão-de-obra ainda mais barata, mas burocracia impede que setor de serviços cresça o bastante para compensar as perdas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.

Apesar de todo o vigor de sua economia, fruto, em parte, do baixo custo de sua mão-de-obra, a China já sofre com um fenômeno comum a várias nações a fuga de empregos para países com salários ainda mais baixos, como o Vietnã. Desde 1995, o governo calcula que 15 milhões de vagas foram transferidas das fábricas chinesas para o exterior. A solução poderia ser expandir o setor de serviços, mas as resistências políticas a uma maior abertura dessa área, bem como os entraves burocráticos, dificultam seu desenvolvimento.

Isso não significa que o setor de serviços esteja estagnado. No último mês, a China anunciou a revisão do Produto Interno Bruto de 2004. A nova cifra, 16 trilhões de yuans ou 1,9 trilhão de dólares, é 17% maior que a divulgada inicialmente. Cerca de 265 bilhões de dólares deste acréscimo veio dos serviços. Com isso, a participação desse setor no PIB saltou nove pontos percentuais, para 41%, contra 46% da indústria e 13% do setor primário (agricultura e atividades de extração).

A expansão dos serviços na China, porém, está ocorrendo apesar do governo, e não devido aos seus estímulos. Segundo a Agência Nacional de Estatísticas do país, as atividades de maior destaque são varejo, construção civil, transportes, correios e telecomunicações. Em alguns setores, convivem grandes empresas estatais e milhares de pequenos negócios particulares.

De acordo com a revista britânica The Economist, em alguns aspectos, o setor de serviços chinês já é tão diversificado e vasto quanto o do Japão ou da Coréia do Sul. Mas sua participação na geração de riquezas mostra a diferença entre os países desenvolvidos que incentivam a expansão dessas atividades e a política ainda resistente de Pequim. Os 41% de peso dos serviços sobre o PIB chinês ainda está bem atrás da faixa de 60% a 75%, típicos dos países mais ricos. A percentagem fica atrás, inclusive, de um concorrente direto da China pelo posto de emergente mais promissor a Índia, onde os serviços equivalem a 52% do PIB.

Para Gordon Orr, analista do escritório da consultoria McKinsey em Xangai, a expansão do setor é freada pela tendência do governo chinês de privilegiar a indústria. Segundo Orr, isto cria uma miríade de regulações contraditórias e nocivas das atividades de serviço. O exame para que um bacharel em Direito possa advogar é tão difícil, por exemplo, que há apenas um advogado para cada 13 000 habitantes. Nos Estados Unidos, a proporção é de um para 300.

Além de conferir mais dinamismo à economia chinesa, a expansão do setor de serviços poderia compensar as perdas de vagas na indústria para outros países. Por ano, entre 10 e 15 milhões de chineses entram no mercado de trabalho (se você é assinante, leia ainda entrevista de Jacek Kugler, cientista política para quem o mundo viverá uma polarização entre a China e os EUA).

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