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Mundo celebra 2021 com discrição, à sombra da pandemia

Novas ondas da pandemia de covid-19 obrigaram grande parte da população a acompanhar a festa do sofá em casa

Réveillon 2021 na Times Square, em Nova York (AFP/AFP)

Réveillon 2021 na Times Square, em Nova York (AFP/AFP)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 1 de janeiro de 2021 às 11h13.

Última atualização em 1 de janeiro de 2021 às 16h07.

Com público reduzido na Times Square, praias quase vazias no Rio de Janeiro e a Champs-Élysées praticamente deserta em Paris, o mundo recebeu discretamente o ano de 2021, sob a sombra da pandemia de covid-19.

Após meses de restrições por causa dessa contagiosa doença que deixou mais de 1,8 milhão de mortos em todo o mundo, as novas ondas da pandemia obrigaram grande parte da população a acompanhar a festa do sofá em casa.

Em Nova York, o bairro de Manhattan foi bloqueado, e as pessoas foram orientadas a acompanhar pela televisão os shows de estrelas como Jennifer Lopez e Gloria Gaynor que, aos 77 anos, cantou seu grande e antigo hit I will survive.

Na Times Square, que a cada 31 de dezembro fica lotada de pessoas eufóricas à espera da "queda da bola" sob uma chuva de papel picado, a multidão foi substituída por profissionais da linha de frente no combate à covid-19, especialmente convidados e separados por cercas para garantir o distanciamento social.

"Este ano não pode ser pior do que o passado", disse Jordan Mann, uma atriz de 31 anos que passou a noite em casa com os companheiros com os quais mora.

O prefeito Bill de Blassio disse que 2020 foi, "sem dúvida, o ano mais difícil da história de Nova York". E prometeu: "Em janeiro, vamos vacinar 1 milhão de nova-iorquinos".

Os Estados Unidos são o país com maior número de mortos no mundo. Ainda assim, o presidente eleito Joe Biden, que assumirá o cargo em três semanas, disse estar otimista. "Os Estados Unidos podem fazer qualquer coisa, e estou totalmente confiante de que voltaremos e ainda mais fortes", disse ele à rede ABC.

O Brasil, segundo país com mais óbitos pela pandemia, recebeu 2021 com sua emblemática praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, quase deserta em vez das milhões de pessoas que recebe normalmente todo o 31 de dezembro para celebrar o Ano-Novo com banhos de mar e fogos de artifício.

A polícia impediu o acesso às praias do Rio e, à meia-noite, alguns fogos de artifício foram disparados. Também foram ouvidos panelaços de "Fora, Bolsonaro!", um presidente bastante criticado por minimizar uma pandemia que já matou cerca de 195.000 pessoas no Brasil.

Aplaudida por sua gestão do coronavírus, a Nova Zelândia deu as boas-vindas ao novo ano com multidões reunidas em Auckland para uma exibição de fogos de artifício.

Em Sydney, a maior cidade da Austrália, os fogos de artifício da véspera de Ano-Novo iluminaram o porto com um show deslumbrante, mas com poucos espectadores.

"Acho que o mundo inteiro está olhando para 2021 como um novo começo", disse Karen Roberts, uma das poucas sortudas que puderam assistir aos fogos perto da famosa Opera House, de Sydney.

Mais um ano

Em Madri, os espanhóis comeram as 12 uvas com as baladas do famoso relógio da Puerta del Sol do sofá de suas casas, já que a famosa praça da capital espanhola estava completamente vazia nesta passagem de ano. Não houve comemorações na cidade de Londres, como recomendado pelo governo, que pediu às pessoas que ficassem em casa para evitar a propagação do vírus com o slogan "Faça como se estivesse".

A cantora americana Patti Smith, de 74 anos, deu um show pelo YouTube em homenagem aos profissionais de saúde do Reino Unido mortos por covid-19. A transmissão ao vivo em um telão no Piccadilly Circus foi cancelada no último minuto, devido à pandemia.

Também não houve celebrações pela saída definitiva do Reino Unido da União Europeia, que se materializou às 23 horas GMT (20 horas em Brasília). Algumas dezenas de pessoas se reuniram na Praça do Parlamento, em Londres, para ouvir o Big Ben.

Champs-Élysées deserta

Em Paris, a Champs-Élysées estava vazia. Sob as árvores enfeitadas com luzes vermelhas, 20 policiais paravam os poucos veículos que circulavam por esta famosa avenida para verificar os certificados de viagem e multar os infratores.

Na noite de Ano-Novo, a França teve um toque de recolher, vigiado, excepcionalmente, por 100.000 policiais e gendarmes.

Milhares de pessoas em Wuhan

Em Wuhan, a cidade chinesa onde o vírus foi detectado pela primeira vez no final de 2019, milhares de pessoas festejaram a chegada de 2021.

Em Hong Kong, apesar das restrições, alguns se aventuraram no Victoria Harbour para tirar selfies.
Na Rússia, o presidente Vladimir Putin reconheceu em seu discurso de ano novo que uma segunda onda do coronavírus atinge o país.

"Infelizmente, a epidemia não foi completamente interrompida. A luta contra a epidemia não para um minuto", disse ele.

Pouco antes, como todos os anos, algumas dezenas de pessoas mergulharam nas águas geladas do Lago Baikal, na Sibéria, com temperaturas de até -35 ºC.

Roma sem fogos de artifício

Os romanos também assistiram de suas casas às festividades organizadas no Circo Máximo, o estádio mais antigo da cidade, embora a prefeitura tenha proibido os fogos de artifício e rojões que costumam ressoar na Cidade Eterna.

Em Dubai, milhares de pessoas assistiram a um show de fogos de artifício e iluminação a laser na Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo, apesar do grande número de novos casos. Os participantes tiveram de usar máscara e se registrar com um código QR.

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