Ex-militar tomou veneno durante sessão (Youtube/ICTY/Reprodução)
AFP
Publicado em 29 de novembro de 2017 às 12h35.
Última atualização em 29 de novembro de 2017 às 13h35.
O ex-alto responsável das forças croatas da Bósnia morreu em um hospital de Haia depois de ingerir veneno na sala de audiências do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), em Haia - informou a agência de notícias oficial croata Hina.
Quando o tribunal se dispunha a emitir sua última sentença antes do encerramento de suas atividades em dezembro, o réu gritou "Praljak não é um criminoso".
"Rejeito seu veredicto", declarou ele ao tribunal, que confirmou sua sentença de 20 anos de prisão. Em seguida, o réu sacou um frasco do bolso, tragando seu conteúdo diante das câmeras. Segundo seu advogado, ele "bebeu veneno".
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=AdQsDopZfS4
Funcionários do tribunal correram para atender Praljak, e o presidente da corte, Carmel Agius, ordenou a suspensão da audiência. Minutos depois, chegava uma ambulância, e um helicóptero sobrevoava a área. Vários socorristas entraram no tribunal.
Slobodan Praljak não resistiu e morreu em um hospital de Haia.
Esse incidente inédito acontece durante uma audiência de apelação de seis ex-dirigentes e chefes militares dos bósnio-croatas, acusados de crimes de guerra no conflito entre croatas e muçulmanos (1993-1994) que explodiu durante a guerra na Bósnia (1992-1995).
Naquele momento, os juízes tinham acabado de confirmar a condenação a 25 anos de prisão contra o ex-dirigente dos croatas da Bósnia Jadranko Prlic pela transferência de populações muçulmanas e pelo recurso a assassinatos, estupros e destruições de bens civis com o objetivo de criar uma "grande Croácia".
Esses atos foram classificados pela acusação como crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante a disputa bélica na Bósnia, que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados.
O veredicto desta quarta deveria ser o último do TPII antes de seu encerramento em dezembro, depois de quase um quarto de século dedicado a julgar os autores das piores atrocidades na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.