Misrata TV, emissora rebelde da Líbia transmitida de um caminhão
Canal transmite quatro horas de programação diária sobre os rebeldes; 150 voluntários trabalham no local
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2011 às 17h35.
Misrata - Próximo a uma grande avenida destruída pelos combates, um caminhão de transmissão permanece estacionada atrás de um edifício. Trata-se da Misrata TV: o canal de televisão rebelde líbio utiliza o veículo, que pertencia até pouco tempo atrás à Muamar Kadhafi, para fazer suas transmissões.
Terceira maior cidade da Líbia, Misrata fica a 210 km de Trípoli e foi tomada no dia 19 de fevereiro pelos rebeldes. Após combates que devastaram o local, os partidários de Kadhafi foram expulsos, mas os bombardeios cessaram apenas no dia 10 de agosto.
Um prédio branco de um andar, que por milagre se manteve intacto numa área devastada, abriga a Misrata TV, a emissora de televisão rebelde com transmissão via satélite para a África do Norte, o sul da Europa e o Golfo Pérsico.
Há duas semanas o canal exibe, quatro horas por dia, montagens de imagens e vídeos sobre a história da cidade desde o início dos conflitos, acompanhadas de comentários ou músicas pela glória eterna de Misrata e seus "thowar", combatentes revolucionários, e informações sobre o país.
"Nós empregamos 150 pessoas, todas voluntárias", explica Mohammed Darrat, presidente do comitê de comunicação de Misrata, que quer "um canal de informações e comentários".
Por enquanto, tudo é transmitido da maneira que é feito. Um estúdio já está pronto para o "ao vivo", previsto para começar daqui a quatro semanas: uma mesa, algumas cadeiras, projetores e três câmeras fixas sobre um tablado. Atrás, pintura vermelha, verde e preta, cores da revolução.
O que chama a atenção é o enorme caminhão de transmissão, um Hino 338 quase novo estacionado atrás do imóvel com antena satélite apontada para o céu. É dali que são transmitidos os programas da emissora.
Quando se pergunta sobre a presença desta magnífica máquina em uma cidade onde falta água e eletricidade para os moradores, a resposta não é espontânea.
Depois de muita hesitação, Darrat fala: "era um caminhão que Kadhafi usava para transmissão, já que mudava de lugar a todo instante para não ser descoberto. Nós ficamos com ele depois de uma batalha". Ele prefere não dar mais detalhes.
Carpetes no chão, madeira, suportes para montagem, muitas telas: o veículo é super-equipado, ao ponto de fazer suar os técnicos encarregados do seu funcionamento.
Quanto ao conteúdo, Darrat assegura que o canal é independente, a sua maneira. A Misrata TV transmite o que ela quer, menos "coisas ilegais, contra a nossa cultura, contra a religião, ou de pessoas mortas antes de a família ser avisada...", enumera.
O que é ilegal para os jornalistas líbios depois da revolução? "Não existe lei, é complicado. Tentamos fazer o nosso melhor para não machucar e para ajudar a revolução. Procuramos a liberdade e a melhoria dos meios de comunicação", acrescenta o chefe da TV, que também comanda a Rádio Misrata, que faz transmissões desde março e cumpriu um papel importante na difusão das mensagens revolucionárias no país.
Em todo o caso, a população adora. Como Edriss Ilglib, a "Misrata TV mostra a batalha de Misrata, como nós ganhamos e como conquistamos Zliten", cidade próxima tomada no dia 19 de agosto.
"Eles têm imagens inacreditáveis! Eles tem um monte, todo mundo em Misrata contribuiu", afirma. De fato, muitas imagens foram feitas com celulares, qualidade aleatória, mas conteúdo espetacular - combates, destruição, celebração, mortos, a música marcial que acompanha e acentua o efeito.
Único e pequeno problema, segundo Ilglib é a falta de verba. "Se eles tivessem dinheiro para enviar jornalistas para fora, a qualidade iria melhorar".
Misrata - Próximo a uma grande avenida destruída pelos combates, um caminhão de transmissão permanece estacionada atrás de um edifício. Trata-se da Misrata TV: o canal de televisão rebelde líbio utiliza o veículo, que pertencia até pouco tempo atrás à Muamar Kadhafi, para fazer suas transmissões.
Terceira maior cidade da Líbia, Misrata fica a 210 km de Trípoli e foi tomada no dia 19 de fevereiro pelos rebeldes. Após combates que devastaram o local, os partidários de Kadhafi foram expulsos, mas os bombardeios cessaram apenas no dia 10 de agosto.
Um prédio branco de um andar, que por milagre se manteve intacto numa área devastada, abriga a Misrata TV, a emissora de televisão rebelde com transmissão via satélite para a África do Norte, o sul da Europa e o Golfo Pérsico.
Há duas semanas o canal exibe, quatro horas por dia, montagens de imagens e vídeos sobre a história da cidade desde o início dos conflitos, acompanhadas de comentários ou músicas pela glória eterna de Misrata e seus "thowar", combatentes revolucionários, e informações sobre o país.
"Nós empregamos 150 pessoas, todas voluntárias", explica Mohammed Darrat, presidente do comitê de comunicação de Misrata, que quer "um canal de informações e comentários".
Por enquanto, tudo é transmitido da maneira que é feito. Um estúdio já está pronto para o "ao vivo", previsto para começar daqui a quatro semanas: uma mesa, algumas cadeiras, projetores e três câmeras fixas sobre um tablado. Atrás, pintura vermelha, verde e preta, cores da revolução.
O que chama a atenção é o enorme caminhão de transmissão, um Hino 338 quase novo estacionado atrás do imóvel com antena satélite apontada para o céu. É dali que são transmitidos os programas da emissora.
Quando se pergunta sobre a presença desta magnífica máquina em uma cidade onde falta água e eletricidade para os moradores, a resposta não é espontânea.
Depois de muita hesitação, Darrat fala: "era um caminhão que Kadhafi usava para transmissão, já que mudava de lugar a todo instante para não ser descoberto. Nós ficamos com ele depois de uma batalha". Ele prefere não dar mais detalhes.
Carpetes no chão, madeira, suportes para montagem, muitas telas: o veículo é super-equipado, ao ponto de fazer suar os técnicos encarregados do seu funcionamento.
Quanto ao conteúdo, Darrat assegura que o canal é independente, a sua maneira. A Misrata TV transmite o que ela quer, menos "coisas ilegais, contra a nossa cultura, contra a religião, ou de pessoas mortas antes de a família ser avisada...", enumera.
O que é ilegal para os jornalistas líbios depois da revolução? "Não existe lei, é complicado. Tentamos fazer o nosso melhor para não machucar e para ajudar a revolução. Procuramos a liberdade e a melhoria dos meios de comunicação", acrescenta o chefe da TV, que também comanda a Rádio Misrata, que faz transmissões desde março e cumpriu um papel importante na difusão das mensagens revolucionárias no país.
Em todo o caso, a população adora. Como Edriss Ilglib, a "Misrata TV mostra a batalha de Misrata, como nós ganhamos e como conquistamos Zliten", cidade próxima tomada no dia 19 de agosto.
"Eles têm imagens inacreditáveis! Eles tem um monte, todo mundo em Misrata contribuiu", afirma. De fato, muitas imagens foram feitas com celulares, qualidade aleatória, mas conteúdo espetacular - combates, destruição, celebração, mortos, a música marcial que acompanha e acentua o efeito.
Único e pequeno problema, segundo Ilglib é a falta de verba. "Se eles tivessem dinheiro para enviar jornalistas para fora, a qualidade iria melhorar".