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Milhares de pessoas vão ao funeral de general iraniano morto pelos EUA

Neste sábado, milhares de pessoas gritavam "Morte aos Estados Unidos!" no bairro xiita de Kazimiya, em Bagdá

Bagdá: funeral de general iraniano atrai milhares de manifestantes (Reuters/Divulgação)

Bagdá: funeral de general iraniano atrai milhares de manifestantes (Reuters/Divulgação)

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AFP

Publicado em 4 de janeiro de 2020 às 09h30.

Última atualização em 4 de janeiro de 2020 às 09h31.

Milhares de iraquianos entoaram, neste sábado (4), em Bagdá, palavras de ordem contra os Estados Unidos no funeral do general iraniano Qassem Soleimani e de um líder miliciano, mortos no Iraque por um drone americano. Milhares de pessoas gritavam "Morte aos Estados Unidos!" no bairro xiita de Kazimiya, em Bagdá, durante o cortejo fúnebre do general e do líder miliciano.

Pouco antes, um novo ataque aconteceu no norte de Bagdá contra um comboio da Hashd Al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-iraniana que faz parte das forças de segurança do Iraque, segundo uma fonte policial. "Há mortos e feridos", disse Hashd, acusando os Estados Unidos, que ainda não reagiu. O assassinato, que ocorreu na sexta-feira (3), de Soleimani, arquiteto da política do Irã no Oriente Médio, e do líder miliciano Abu Mehdi Al Muhandis, da milícia Hashd Al Shaabi e considerado o homem do Irã em Bagdá, faz temer um novo conflito na região.

O Irã prometeu "uma dura vingança no momento e no lugar apropriados". O ataque perto do aeroporto de Bagdá destruiu completamente dois veículos e deixou um total de dez mortos, cinco iraquianos e cinco iranianos.

Os corpos das dez vítimas serão levados de Kazimiya para a chamada Zona Verde, um bairro sob rigorosas medidas de segurança e sede de instituições governamentais e de várias embaixadas, incluindo a dos Estados Unidos, que na terça-feira sofreu um ataque de apoiadores da Hashd. Al Mouhandis será enterrado no Iraque e o corpo de Soleimani será transferido para o Irã, onde será sepultado na terça-feira em sua cidade natal, Kerman (centro).

O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdel Mahdi também participou do funeral, assim como Hadi Al Ameri, chefe das forças pró-iranianas no parlamento iraquiano, o ex-primeiro-ministro Nuri Al Maliki e vários chefes de facções xiitas pró-iranianas.

Na terça-feira passada, durante o funeral de 25 combatentes de uma milícia Hashd, a multidão atacou o primeiro perímetro da embaixada dos Estados Unidos com barras de ferro. Os analistas agora temem um conflito entre o Irã e os Estados Unidos em solo iraquiano.

O presidente americano, Donald Trump, disse, no entanto, que eliminou Soleimani para parar uma guerra e não começar outra, e garantiu que o general planejava um ataque "iminente" contra os interesses dos Estados Unidos. No Irã, as autoridades decretaram três dias de luto oficial em memória de Soleimani, de 62 anos.

Na sexta-feira (3), dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Teerã aos gritos de "Morte aos Estados Unidos!".O Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse que os Estados Unidos cometeram "seu erro mais grave" com a morte de Soleimani: "Esses criminosos sofrerão uma dura vingança no momento e local apropriados", alertou.

O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, e o presidente Hassan Rohani, que já nomearam Esmail Qaani para substituir Soleimani, também pediram represálias. Após o ataque, as forças pró-iranianas parecem mais fortes do que nunca no Iraque, país mergulhado há três meses em uma revolta popular contra o poder e a influência do Irã. O ataque americano "viola a soberania do Iraque", disseram os líderes iraquianos.

O líder xiita iraquiano Moqtada Sadr reativou sua milícia, chamada Exército Mehdi, que havia sido dissolvida após a luta contra a ocupação americana no Iraque (2003-2011). Por sua parte, Hadi Al Ameri, líder dos parlamentares pró-iranianos no Iraque, pediu união para "expulsar as tropas estrangeiras", referindo-se aos americanos.

Os deputados se reunirão no domingo (5) e poderão revogar o tratado entre o Iraque e os Estados Unidos, que permite a presença de 5.200 soldados americanos no país petrolífero.

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