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Mexicanos aquecem comércio em local com maior desemprego dos EUA

El Centro é uma cidade com 50 mil habitantes, com taxa de desemprego de 30,4%

Casa de câmbio em El Centro: gasto anual de moradores de Mexicali chega a US$ 1,1 bi (David Mcnew/AFP)

Casa de câmbio em El Centro: gasto anual de moradores de Mexicali chega a US$ 1,1 bi (David Mcnew/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2010 às 16h38.

El Centro, EUA - Os números de supermercados, hotéis e grandes lojas de departamento de El Centro são um exagero para os 50 mil habitantes da cidade com a maior taxa de desemprego dos Estados Unidos, mas os mexicanos que vão fazer suas compras lá são o verdadeiro motor do setor comercial.

"Nossas vendas dependem dos mexicanos que vêm para as compras todos os dias e enchem as lojas nos fins de semana", disse à AFP o responsável por uma loja de roupas em The Plaza Imperial Valley, um centro comercial imenso com hotéis próximos para os compradores que chegam a esta cidade de fronteira, no sudeste da Califórnia, e que ostenta a maior taxa de desemprego no país: 30,4%.

O setor comercial de El Centro - cidade de 50 mil habitantes em Imperial Country, 365 km a sudesde de Los Angeles - comprova mais do que nunca que o milhão de habitantes de Mexicali (20 km ao sul) são vizinhos valiosos por motivos históricos, ao mesmo tempo em que o câmbio, neste momento, favorece os mexicanos.

"O gasto dos mexicalenses no setor de bens e serviços em Imperial Valley supera 1,1 bilhão de dólares por ano", explicou à AFP Louis Fuentes, presidente do conselho municipal do Condado Imperial, onde localiza-se El Centro, cidade atingida desde 2007 pela crise imobiliária do país e pela seca que prejudicou sua outrora próspera indústria agrícola.

"Os hóspedes de todos estes hotéis são sobretudo compradores de Mexicali, e também de Sonora e Sinaloa que vêm até aqui para fazer turismo, fazer compras mais tranquilamente (pela insegurança) em alguns casos", contou à AFP Laura Laredo, recepcionista de uma grande rede de hotéis americanos.


Assim como em outros pontos da fronteira de mais de 3 mil km entre Estados Unidos e México, em Imperial Valley existe um número significativo de patrulhas fronteiriças e oficiais militares americanos rondando dia e noite as avenidas e ruas do vale que abriga El Centro.

Mas "deste lado da fronteira existe mais um sentimento de família que de inimigos, existem laços mais estreitos entre os habitantes e os problemas de violência não se comparam" com os das cidades mexicanas de Tijuana (sul de San Diego-Califórnia) nem de Ciudad Juárez (sul de El Paso-Texas), explicou Fuentes, ex-prefeito de Calexico, a última cidade dos Estados Unidos antes de Mexicali.

Em El Centro, mais de 72% dos habitantes são de origem hispânica, enquanto 40% dos mexicalenses têm familiares em Imperial Country.

Outros números que mostram os benefícios mútuos dos povos desta fronteira "são as 100 mil passagens pela fronteira por ano de americanos para receber tratamento médico em Mexicali", revelou Fuentes, citando informes das autoridades binacionais.

"Cada vez que há problemas na fronteira (fechamento), repercute imediatamente em uma queda das vendas de nossas lojas", disse à AFP Cathy Kennerson, diretora da Câmara de Comércio de El Centro.

Kennerson citou testemunhos dos gerentes de uma grande loja como JC Penny e Disney Store para afirmar que o setor comercial depende "em 80% das pessoas de Mexicali".

Antes que as lojas abrissem nesta sexta-feira, vários veículos esperavam no estacionamento do centro comercial The Plaza Imperial Valley, a maioria mexicanos.

"Cruzamos cedinho, para não pegar fila, às vezes a cada duas semanas para comprar roupas e coisas para as crianças. Aqui você consegue marcas e por menos da metade do preço que em Mexicali", contou Juan García, de 34 anos que, junto com sua esposa, acordou cedo para ver novamente as lojas, após uma hora passando no controle da fronteira e 20 minutos depois, fazendo compras.

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