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Merkel pede estabilidade a Mursi

O Egito atuará "ao lado da comunidade internacional", assegurou Mursi depois de se reunir em Berlim com a chanceler


	Angela Merkel: Merkel condicionou a ajuda econômica ao país africano à estabilização política e ao respeito às leis.
 (©afp.com / Ove Arscholl)

Angela Merkel: Merkel condicionou a ajuda econômica ao país africano à estabilização política e ao respeito às leis. (©afp.com / Ove Arscholl)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 15h23.

Berlim - O presidente egípcio, Mohammed Mursi, comprometeu-se nesta quarta-feira a não instaurar um Estado "militar nem teocrático" diante da chanceler alemã, Angela Merkel, que condicionou a ajuda econômica ao país africano à estabilização política e ao respeito às leis.

O Egito atuará "ao lado da comunidade internacional", assegurou Mursi depois de se reunir em Berlim com a chanceler. Merkel disse que a manutenção da "boa cooperação" bilateral está relacionada ao respeito aos direitos humanos, ao diálogo "com todas as forças políticas" e à liberdade religiosa.

Inicialmente, a visita de Mursi pela Europa seria de três dias, mas devido à instabilidade no Egito, que decretou hoje estado de emergência, o presidente cancelou sua ida a Paris e compromissos em Berlim.

Segundo Mursi, o estado de emergência é "temporário", limitado a três províncias no Canal de Suez. O presidente disse que "em poucos meses" o governo do Egito será formado por um Parlamento eleito democraticamente.

Mursi disse à Angela Merkel que não pretende instaurar um regime presidencialista, que está aberto ao diálogo "com todas as forças políticas", e em escala multilateral a apoiar um processo de paz no Oriente Médio "que reconcilie israelenses e palestinos".

O presidente negou ser um "inimigo de Israel" e quando foi perguntado sobre suas supostas declarações qualificando os judeus de "chupadores de sangue" e "macacos" explicou que suas palavras foram tiradas de contexto.

"Sou muçulmano e isso me obriga a respeitar todas as religiões", afirmou Mursi, que diante da seriedade da chanceler procurou ser bastante moderado.


A visita de Mursi a Berlim tinha sido planejada meses atrás, pouco após sua chegada ao poder, em junho do ano passado, e em um momento no qual a comunidade internacional esperava que o presidente egípcio liderasse uma transição democrática harmônica após a queda de Hosni Mubarak.

Nos trinta anos de Mubarak à frente do regime, a Alemanha manteve com o Egito relações de "parceiro comercial privilegiado", tanto nos governos conservador como social-democrata.

Mursi foi convidado a visitar Berlim por Merkel com o objetivo de abrir uma nova etapa nas relações entre os dois países, mas a ida do presidente ocorreu em um momento de alta tensão e com a reforma da Constituição de viés islâmico em andamento.

A imprensa de Berlim afirmou hoje que Mursi esperava no encontro avançar no perdão da dívida do Egito com a Alemanha, que é de cerca de US$ 2,5 bilhões de euros.

O abatimento esperado era de 240 milhões de euro, quantidade que devido às circunstâncias atuais podia ficar reduzida a 30 milhões de euros.


Merkel, no entanto, não mencionou número algum diante de Mursi, que além da chanceler se reuniu na Alemanha com empresários locais, encontro liderado pelo ministro da Economia, Philipp Rosler.

Em seguida, Mursi retornou ao Egito. A visita do presidente a Berlim foi marcada pelos protestos de opositores e da Anistia Internacional contra a situação dos direitos humanos no país africano.

Grupos de ativistas se concentraram em frente da chancelaria com duas gigantescas réplicas da rainha egípcia Nefertiti, uma delas com uma máscara de gás e a segunda com um venda na cabeça. 

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