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Mercados confiam em que petróleo líbio volte a ser extraído

Analistas acreditam que país deve demorar pelo menos um ano para recuperar o nível de produção anterior ao conflito

Refinaria da estatal líbia de petróleo: esperança que a produção seja retomada (Gianluigi Guercia/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2011 às 15h18.

Viena - O regime do líder líbio Muammar Kadafi ainda não caiu, mas após a entrada dos rebeldes em Trípoli e nos redutos petrolíferos espera-se o retorno da extração de barris de petróleo do país árabe, embora paulatina e lentamente.

Segundo a assessora britânica KBC, a questão é "quanto e quão rápido" será restaurada a produção petrolífera da Líbia, que chegava a 1,6 milhão de barris diários (mbd), cerca de 2% da produção mundial, antes da explosão em fevereiro da guerra civil entre os rebeldes opositores e as forças de Kadafi.

"Esperamos que a produção de petróleo da Líbia, que caiu para menos de 100 mil barris diários (bd), demore seis meses ou mais para alcançar o nível entre 500 mil e 600 mil bd", disse à Efe nesta segunda-feira Ehsan Ul-Haq, analista da KBC, e lembrou que "os rebeldes precisam urgentemente dinheiro".

Mesmo assim, acrescentou que para recuperar o nível de bombeamento anterior ao conflito, será preciso "ao menos um ano" e a ajuda das petrolíferas estrangeiras que deixaram o país e retiraram seus funcionários.

A italiana Eni já tinha nesta segunda-feira uma equipe de técnicos trabalhando para reativar suas instalações na Líbia, afirmou o ministro de Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, quem em declarações à televisão pública de seu país ressaltou que o grupo italiano terá um papel de primeira ordem no setor energético da Líbia.

Eni produzia 108 mil bd antes do conflito, e a Itália era o principal destino das exportações de hidrocarbonetos líbios, com 32% do total, estima KBC.

"O regime de Kadafi poderia ainda ter capacidade para causar danos na infraestrutura petrolífera, mas a maior parte das instalações de produção de petróleo da Líbia, situadas em áreas remotas do deserto parece estar protegida", afirmou à Efe Rafik Latta, do Middle East Economic Survey (MEES), com sede no Chipre.

"Praticamente não há um só campo ou terminal de exportação que tenha suportado o período sem nenhuma forma de interrupção, portanto alguns atrasos serão inevitáveis", acrescentou.

Latta calcula que, "com o manejo adequado, seria possível o retorno da extração de 1 milhão de barris diários no prazo de seis meses. As áreas sob o comando dos rebeldes que tinham base em Benghazi, no oeste, teriam de ser as primeiras a recuperar a atividade".

"Há cerca de 90 mil bd de produção nos campos operados por Total e Eni, respectivamente, onde as instalações não foram tocadas nos combates e com possibilidade de reatamento rápido é viável".


A espanhola Repsol, "que tem campos importantes de 360 mil bd na bacia de Murzuq, no sudoeste, poderia ser contribuinte ao renascimento do hidrocarboneto líbio", considera Latta.

Os rebeldes sabotaram os equipamentos de bombeamento do principal oleoduto da Repsol, mas as instalações do campo de produção e do oleoduto em si não tinham sido danificadas ao menos até o fim de junho, pelas informações do MEES.

A entrada dos rebeldes líbios em Trípoli impulsionava nesta segunda-feira para cima as ações das petrolíferas que tiveram de deixar a Líbia em fevereiro, ao mesmo tempo em que pressionava para baixo o preço do petróleo Brent, o de referência para a Europa, efeitos que, no entanto, os analistas veem consideram momentâneos.

"O WTI (o Petróleo Intermediário do Texas), de referência nos EUA, subiu e as bolsas estão relativamente fortes, o dólar relativamente baixo", fatores que tendem a pressionar para cima os "petropreços".

Além disso, na Líbia há ainda muita incerteza e as petrolíferas estrangeiras se mostraram nesta segunda-feira em sua maioria na expectativa da evolução da situação.

"Total acompanha a situação para avaliar quando será possível retomar as operações na Líbia", assinalou nesta segunda-feira a companhia.

"Por enquanto é cedo demais para dizer quando, como e sob que condições será possível reiniciar" a extração de gás e petróleo, comunicou a alemã Wintershall, filial da BASF.

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Viena - O regime do líder líbio Muammar Kadafi ainda não caiu, mas após a entrada dos rebeldes em Trípoli e nos redutos petrolíferos espera-se o retorno da extração de barris de petróleo do país árabe, embora paulatina e lentamente.

Segundo a assessora britânica KBC, a questão é "quanto e quão rápido" será restaurada a produção petrolífera da Líbia, que chegava a 1,6 milhão de barris diários (mbd), cerca de 2% da produção mundial, antes da explosão em fevereiro da guerra civil entre os rebeldes opositores e as forças de Kadafi.

"Esperamos que a produção de petróleo da Líbia, que caiu para menos de 100 mil barris diários (bd), demore seis meses ou mais para alcançar o nível entre 500 mil e 600 mil bd", disse à Efe nesta segunda-feira Ehsan Ul-Haq, analista da KBC, e lembrou que "os rebeldes precisam urgentemente dinheiro".

Mesmo assim, acrescentou que para recuperar o nível de bombeamento anterior ao conflito, será preciso "ao menos um ano" e a ajuda das petrolíferas estrangeiras que deixaram o país e retiraram seus funcionários.

A italiana Eni já tinha nesta segunda-feira uma equipe de técnicos trabalhando para reativar suas instalações na Líbia, afirmou o ministro de Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, quem em declarações à televisão pública de seu país ressaltou que o grupo italiano terá um papel de primeira ordem no setor energético da Líbia.

Eni produzia 108 mil bd antes do conflito, e a Itália era o principal destino das exportações de hidrocarbonetos líbios, com 32% do total, estima KBC.

"O regime de Kadafi poderia ainda ter capacidade para causar danos na infraestrutura petrolífera, mas a maior parte das instalações de produção de petróleo da Líbia, situadas em áreas remotas do deserto parece estar protegida", afirmou à Efe Rafik Latta, do Middle East Economic Survey (MEES), com sede no Chipre.

"Praticamente não há um só campo ou terminal de exportação que tenha suportado o período sem nenhuma forma de interrupção, portanto alguns atrasos serão inevitáveis", acrescentou.

Latta calcula que, "com o manejo adequado, seria possível o retorno da extração de 1 milhão de barris diários no prazo de seis meses. As áreas sob o comando dos rebeldes que tinham base em Benghazi, no oeste, teriam de ser as primeiras a recuperar a atividade".

"Há cerca de 90 mil bd de produção nos campos operados por Total e Eni, respectivamente, onde as instalações não foram tocadas nos combates e com possibilidade de reatamento rápido é viável".


A espanhola Repsol, "que tem campos importantes de 360 mil bd na bacia de Murzuq, no sudoeste, poderia ser contribuinte ao renascimento do hidrocarboneto líbio", considera Latta.

Os rebeldes sabotaram os equipamentos de bombeamento do principal oleoduto da Repsol, mas as instalações do campo de produção e do oleoduto em si não tinham sido danificadas ao menos até o fim de junho, pelas informações do MEES.

A entrada dos rebeldes líbios em Trípoli impulsionava nesta segunda-feira para cima as ações das petrolíferas que tiveram de deixar a Líbia em fevereiro, ao mesmo tempo em que pressionava para baixo o preço do petróleo Brent, o de referência para a Europa, efeitos que, no entanto, os analistas veem consideram momentâneos.

"O WTI (o Petróleo Intermediário do Texas), de referência nos EUA, subiu e as bolsas estão relativamente fortes, o dólar relativamente baixo", fatores que tendem a pressionar para cima os "petropreços".

Além disso, na Líbia há ainda muita incerteza e as petrolíferas estrangeiras se mostraram nesta segunda-feira em sua maioria na expectativa da evolução da situação.

"Total acompanha a situação para avaliar quando será possível retomar as operações na Líbia", assinalou nesta segunda-feira a companhia.

"Por enquanto é cedo demais para dizer quando, como e sob que condições será possível reiniciar" a extração de gás e petróleo, comunicou a alemã Wintershall, filial da BASF.

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