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“Matem as crianças”: a história do massacre no Paquistão

Ataque realizado nesta semana pelo Taleban em uma escola na cidade de Peshwar deixou 145 mortos, dos quais 132 eram jovens com idades entre 12 e 16 anos

EXAME.com (EXAME.com)

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Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 12h01.

São Paulo – Já era o final da manhã de uma terça-feira qualquer na cidade de Peshwar (Paquistão) quando homens fortemente armados, todos membros do Taleban, invadiram uma escola administrada pelo exército do país.

Contra a presença de mulheres no mercado de trabalho e contra a educação ocidental, o objetivo do grupo era o de matar o maior número possível de jovens. Segundo a rede de notícias CNN, a escolha desta escola como alvo pode ter sido motivada pelo fato de ela aceitar meninos e meninas, que em sua maioria são filhos de militares, e também por contar com professores e professoras.

Pouco tempo depois do fim do massacre, que durou cerca de 8 horas, o Paquistão contabilizaria 145 mortos, dos quais 132 eram alunos com idades entre 12 e 16 anos, e amargaria ter passado pelo pior ataque terrorista em anos. Os homens do Taleban também morreram.

Ataque

Tudo começou quando um carro explodiu atrás da escola, relatou a CNN. Mais tarde, descobriu-se que o ato foi apenas uma manobra do grupo para atrair a atenção dos seguranças para outro lugar. Enquanto verificavam o que acontecia por lá, os homens pularam os muros e seguiram para as salas de aula.

O horror estava apenas por começar. Segundo o jornal The New York Times (NYT), o grupo correu por corredores atirando de forma displicente e jogando granadas dentro das salas de aula. Grupos de alunos foram alinhados e todos executados com tiros na cabeça. “Matem as crianças”, vociferavam enquanto disparavam para o alto e contra qualquer um.

“Vi um par de botas pretas andando em minha direção enquanto me escondia embaixo da mesa”, relatou Shahruhk Khan, 16 anos, um dos sobreviventes. “Dobrei minha gravata e a coloquei na boca para não conseguir gritar”, contou à agência AFP. Enquanto ouvia o homem atirar contra seus colegas, fechou os olhos e fingiu estar morto.

Foram horas até que as tropas paquistanesas enfim controlassem a situação. Os soldados descreveram cenas traumáticas de sangue e corpos empilhados que viram quando entraram na escola. “Quanto menor o caixão, mais pesado é carregá-lo”, disse mais tarde o ministro da defesa do país, Khawaja Asif.

Autoria confirmada

Assim que o ataque se tornou alvo das atenções no mundo, o braço paquistanês do Taleban assumiu a responsabilidade por ele. De acordo com informações da Reuters, a barbárie foi uma retaliação contra uma operação militar realizada contra o grupo no norte do país.

A região, que já foi descrita pelo NYT como “um vibrante lugar de lavagem de dinheiro, ideologia e recrutamento de terroristas”, se tornou um paraíso no qual o Taleban e tantas outras organizações terroristas administram as suas atividades.

“Escolhemos atacar esta escola porque o governo está ameaçando nossas mulheres e crianças”, declarou o porta-voz do grupo Muhammad Umar Khorasani. “Queremos que ele sinta a dor que sentimos”, justificou.

Repercussão

O governo do país prometeu que não será intimidado pela violência do grupo e que a operação militar contra o Taleban continuará a tentar expulsá-lo do norte paquistanês. Além disso, tomou a providência de suspender a moratória da pena de morte para casos de terrorismo. 

Autoridades políticas e personalidades internacionais enviaram mensagens de solidariedade ao Paquistão e repudiaram o ataque que, infelizmente, não é o único na história do país.

A ativista e Nobel da Paz Malala Yousafzai que o diga. Em 2012, ela levou um tiro na cabeça ao ser atacada por um grupo de membros desta mesma organização enquanto voltava para casa da escola. “Estou de coração partido”, declarou ela.

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