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Mão de obra qualificada deve ser prioridade

Especialistas no setor acreditam em qualificação no nível técnico de ensino para a construção civil e indústria petroquímica, por exemplo

Alunos de mecânica de automóveis do Senai (Roberto Setton/Quatro Rodas)

Alunos de mecânica de automóveis do Senai (Roberto Setton/Quatro Rodas)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

Brasília - O próximo presidente da República terá de investir na qualificação de mão de obra de nível técnico para que o Brasil não sofra com a falta de trabalhadores em setores como da construção civil e de petróleo e gás entre outros.

De acordo com o coordenador de Projetos Educacionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Alan Alain José Fonseca, a falta de mão de obra de nível técnico já é um problema em algumas áreas.

"A demanda tende a ser maior mas áreas mais críticas, que têm maior dinâmica econômica, que estão em evidência e têm apresentado um patamar superior de crescimento. Esse é o caso das indústrias associadas à área de gás e petróleo e das relacionadas à construção civil, em função da implantação da infraestrutura e de investimentos que estão sendo feitos", explicou.

Fonseca disse também que para que o Brasil não sofra um apagão de mão de obra técnica é preciso que haja um resultado efetivo das políticas já em curso para que trabalhadores possam ser qualificados a fim de atender à demanda do mercado. "Se as medidas adotadas atualmente não trouxerem um resultado efetivo, ela vai continuar sendo um problema que tende a se agravar com o aumento da produção", disse.

Para o coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcelo Neri, essa necessidade de trabalhadores qualificados não ocorre de forma generalizada. "Existe em alguns setores, mas em outros o problema é oposto. Há trabalhadores que gostariam de trabalhar em algumas áreas, mas não encontram empregos. Contudo, existem setores onde há vagas, mas não há trabalhadores na quantidade e qualidade desejadas", disse.


Segundo Neri, o cerne da questão da falta de mão de obra técnica passa pela educação. "O apagão de mão de obra seria muito pior se não tivéssemos ampliado a nossa educação nos últimos anos, mas o fato é que nós temos um déficit muito grande e numa situação na qual a economia cresce mais, como está crescendo agora, esse gargalo aparece, um gargalo de pessoas certas nas vagas certas", afirmou.

O coordenador disse também que o desafio para resolver a questão está numa educação voltada para o trabalho. Entre os pontos que devem ser melhorados estão uma reformulação do ensino médio para atrair os jovens a estudar mais e uma melhor educação profissional. Para Neri, essas questões não estão paradas, há políticas sociais nesse sentido, mas o problema é se essas políticas serão suficientes para dar conta da necessidade de mão de obra em todos os setores.

Para José Fonseca, o mercado vai encontrar uma maneira de resolver a questão da falta de mão de obra de nível técnico, mas poderá não ser benéfica para a sociedade. "Vão tender a se agravar alguns problemas, como a importação de mão de obra ou a subutilização de mão de obra de um determinado patamar para um inferior. São soluções que não favorecem o desenvolvimento econômico, não favorecem a sociedade ou as empresas", disse.

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