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Manifestantes vão às compras para protestar em Hong Kong

Impedidos de ocupar as ruas de Hong Kong, os manifestantes estão indo às compras para marchar dentro das lojas e afugentar turistas

Manifestante pró-democracia segura guarda-chuva amarelo, durante protesto em Hong Kong (Tyrone Siu/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 19h27.

Hong Kong - Consumidores do mundo, uni-vos!

Em uma iniciativa recente para influenciar a política por meio do comércio, os manifestantes de Hong Kong estão indo às compras para propagar sua mensagem pró- democracia .

Munidos de guarda-chuvas na cor amarelo vivo, símbolo do movimento, eles estão marchando para dentro das lojas e afugentando os turistas.

“É parte da filosofia de desobediência civil levar a resistência para a vida cotidiana”, disse Sebastian Veg, diretor do Centro Francês de Pesquisa sobre a China Contemporânea em Hong Kong.

“Você não precisa acampar em frente a uma repartição do governo. Se você tem uma hora livre depois do trabalho, pode se juntar a um grupo de compras, cantar pedindo voto universal e tornar a vida da polícia difícil”.

Os tours de compras são uma tentativa de manter vivo o debate sobre contar com mais direitos para a eleição das autoridades da cidade em 2017, depois que as 11 semanas de manifestações lideradas pelos estudantes terminaram sem que houvesse concessões do governo chinês.

Em um momento em que Hong Kong se prepara para uma onda de turistas chineses para o feriado do Ano-Novo Lunar, na semana que vem, os protestos podem limitar as vendas em lojas que já sofrem com uma queda nas receitas, observada em dezembro.

As vendas anuais do varejo em Hong Kong caíram no ano passado pela primeira vez desde 2003. A campanha do presidente chinês Xi Jinping contra a corrupção e as compras extravagantes de funcionários do governo reduziu os gastos.

Os produtos de luxo foram atingidos de forma especialmente dura, com uma queda de 16,3 por cento nas vendas em dezembro. Os feriados deste ano começam no dia 18 de fevereiro.

Turistas da China continental

Os feriados de ano-novo normalmente trazem uma onda de turistas da China continental, que no ano passado aumentaram as vendas no varejo em um terço, segundo David O’Rear, economista-chefe da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong.

No ano passado, a cidade ficou entre os destinos mais populares para turistas chineses, com 47,2 milhões de visitantes, apesar de o movimento pró-democracia, que ocupou algumas partes do centro, ter provocado uma sombra.

“Hong Kong pagará um preço pesado” a menos que se esforce mais para atender os habitantes da China continental, que estão cada vez mais se encaminhando para outros destinos para compras e turismo, alertou no dia 26 de janeiro um editorial do Global Times, jornal de propriedade do People’s Daily, afiliado ao Partido Comunista.

Os manifestantes haviam ocupado algumas regiões de Hong Kong no trimestre passado para exigir que a China suspendesse as exigências do governo para a escolha de candidatos para a eleição de chefe do executivo de 2017. Depois que a polícia expulsou os ativistas das ruas em dezembro, alguns deles decidiram tomar as lojas.

Quase todas as noites, em toda parte, é possível ver desde um punhado até algumas dezenas de ativistas portando guarda-chuvas amarelos em distritos de compras, inclusive em Mong Kok.

Apelo do Executivo

Eles foram inspirados, em parte, pelo apelo feito pelo chefe do executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, para que as pessoas fossem às compras para ajudar os comerciantes afetados pelos protestos, disse Amos Ho, funcionário de 37 anos de uma empresa de eletricidade, que participou de alguns dos tours de compras.

A outra inspiração, segundo Veg, veio de uma entrevista televisionada de uma turista chinesa na zona de protesto que, quando questionada por que estava lá, disse que estava fazendo compras.

A pronúncia errada da frase em cantonês para a palavra “compra”, depois disso, foi utilizada por usuários de internet fãs de trocadilhos, que transcreveram a entrevista usando um termo vulgar em referência à anatomia masculina.

Para muitos em Hong Kong, contudo, comprar é coisa séria. As colunas sociais apresentam tantas inaugurações de loja, com direito a tapete vermelho, quanto bailes de caridade. Hong Kong é a maior importadora mundial de relógios suíços.

No total, 8 por cento dos produtos de luxo vendidos pela LVMH MoetHennessy Louis Vuitton SA são pagos em dólares de Hong Kong.

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Munidos de guarda-chuvas na cor amarelo vivo, símbolo do movimento, eles estão marchando para dentro das lojas e afugentando os turistas.

“É parte da filosofia de desobediência civil levar a resistência para a vida cotidiana”, disse Sebastian Veg, diretor do Centro Francês de Pesquisa sobre a China Contemporânea em Hong Kong.

“Você não precisa acampar em frente a uma repartição do governo. Se você tem uma hora livre depois do trabalho, pode se juntar a um grupo de compras, cantar pedindo voto universal e tornar a vida da polícia difícil”.

Os tours de compras são uma tentativa de manter vivo o debate sobre contar com mais direitos para a eleição das autoridades da cidade em 2017, depois que as 11 semanas de manifestações lideradas pelos estudantes terminaram sem que houvesse concessões do governo chinês.

Em um momento em que Hong Kong se prepara para uma onda de turistas chineses para o feriado do Ano-Novo Lunar, na semana que vem, os protestos podem limitar as vendas em lojas que já sofrem com uma queda nas receitas, observada em dezembro.

As vendas anuais do varejo em Hong Kong caíram no ano passado pela primeira vez desde 2003. A campanha do presidente chinês Xi Jinping contra a corrupção e as compras extravagantes de funcionários do governo reduziu os gastos.

Os produtos de luxo foram atingidos de forma especialmente dura, com uma queda de 16,3 por cento nas vendas em dezembro. Os feriados deste ano começam no dia 18 de fevereiro.

Turistas da China continental

Os feriados de ano-novo normalmente trazem uma onda de turistas da China continental, que no ano passado aumentaram as vendas no varejo em um terço, segundo David O’Rear, economista-chefe da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong.

No ano passado, a cidade ficou entre os destinos mais populares para turistas chineses, com 47,2 milhões de visitantes, apesar de o movimento pró-democracia, que ocupou algumas partes do centro, ter provocado uma sombra.

“Hong Kong pagará um preço pesado” a menos que se esforce mais para atender os habitantes da China continental, que estão cada vez mais se encaminhando para outros destinos para compras e turismo, alertou no dia 26 de janeiro um editorial do Global Times, jornal de propriedade do People’s Daily, afiliado ao Partido Comunista.

Os manifestantes haviam ocupado algumas regiões de Hong Kong no trimestre passado para exigir que a China suspendesse as exigências do governo para a escolha de candidatos para a eleição de chefe do executivo de 2017. Depois que a polícia expulsou os ativistas das ruas em dezembro, alguns deles decidiram tomar as lojas.

Quase todas as noites, em toda parte, é possível ver desde um punhado até algumas dezenas de ativistas portando guarda-chuvas amarelos em distritos de compras, inclusive em Mong Kok.

Apelo do Executivo

Eles foram inspirados, em parte, pelo apelo feito pelo chefe do executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, para que as pessoas fossem às compras para ajudar os comerciantes afetados pelos protestos, disse Amos Ho, funcionário de 37 anos de uma empresa de eletricidade, que participou de alguns dos tours de compras.

A outra inspiração, segundo Veg, veio de uma entrevista televisionada de uma turista chinesa na zona de protesto que, quando questionada por que estava lá, disse que estava fazendo compras.

A pronúncia errada da frase em cantonês para a palavra “compra”, depois disso, foi utilizada por usuários de internet fãs de trocadilhos, que transcreveram a entrevista usando um termo vulgar em referência à anatomia masculina.

Para muitos em Hong Kong, contudo, comprar é coisa séria. As colunas sociais apresentam tantas inaugurações de loja, com direito a tapete vermelho, quanto bailes de caridade. Hong Kong é a maior importadora mundial de relógios suíços.

No total, 8 por cento dos produtos de luxo vendidos pela LVMH MoetHennessy Louis Vuitton SA são pagos em dólares de Hong Kong.

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