Mundo

Malineses vão as ruas para reconstruir o país

Essa parece ser pelo menos a esperança de um grande número de cidadãos deste país africano castigado no último ano pela guerra

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2013 às 15h34.

Bamaco - Os malineses estão convocados no próximo domingo, dia 29, a ir às urnas para participar das primeiras eleições presidenciais realizadas no país depois do golpe de 22 de março de 2012 e que são tratadas como ponto de partida para a reconciliação e construção de um novo Mali.

Essa parece ser pelo menos a esperança de um grande número de cidadãos deste país africano castigado no último ano pela guerra, o terrorismo, a fome e dividido após o levante militar que acabou com o regime político democraticamente eleito nas urnas.

Às vésperas da eleição, o presidente interino, Dioncunda Traoré pediu mais uma vez a seus compatriotas que avancem rumo à reconciliação para criar as bases de uma sociedade forte e um país estável.

"Todos os malineses devem olhar para frente, para o futuro. É necessário que os filhos de Mali se reconciliem e se perdoem. O mundo nos observa", disse recentemente Traoré, designado chefe de Estado em 12 de abril do ano passado.

O presidente se referia à dupla divisão política e territorial que ameaça ao país. A primeira, entre as forças políticas favoráveis e contrárias ao golpe e, a segunda, entre os independentistas tuaregues do norte e o resto do país.

Para Amado Koita, porta-voz da plataforma antigolpe, Frente pela Defesa da República (FDR), as eleições permitirão "voltar a unir Mali de norte a sul, do leste ao oeste, e empreender um novo caminho que tranquilizará os amigos do Mali e a comunidade internacional".


Uma comunidade internacional que até a intervenção militar francesa de janeiro, mostrou em repetidas ocasiões seu temor de uma eventual ruptura do país e da possibilidade do nascimento de um estado de inspiração jihadista na região de Azawad, no norte.

Esta reconciliação, a união do país, a refundação da nação, o fortalecimento da autoridade do estado e a frágil estabilidade foram os principais eixos dos discursos políticos lançados pelos principais candidatos eleitorais desde que começou a campanha, em 7 de julho.

Os candidatos também falaram de emprego e de recuperação econômica, questões centrais num país em que um milhão e meio de pessoas corre risco de morrer de fome. E ainda há centenas de milhares de refugiados e deslocados.

A guerra no norte do Mali, que começou em janeiro de 2012 e chegou ao fim no último dia 18 de junho com a assinatura de um cessar-fogo entre rebeldes e autoridades forçou 170.000 pessoas a se refugiarem nos países vizinhos e 260.000 a fugir para outras regiões do país.

Soumalia Cisse, um dos candidatos com chances de vitória, afirmou à Agência Efe que a reconstrução de um Mali coeso é possível, e acrescentou que prova disso são o "entusiasmo que a eleição presidencial provocou e a mobilização dos jovens e seu desejo de mudança". "Não temos o direito de desistir em um momento que todo o planeta se mobilizou por nosso país", ressaltou.


Para o ministro da Administração local, o Coronel Moussa Sinko Coulibali, "estas eleições são a única saída para a crise, para que nossos filhos retomem o caminho da escola, para que a economia volte a avançar e para recuperar nosso lugar entre as nações do mundo democrático".

Para outros candidatos, como Choguel Kokala Maigua, do Movimento Patriótico pela Renovação (MPR ), o pleito "é uma ocasião histórica para pôr fim à corrupção e ao nepotismo, para deter a destruição e para promover justiça para todos".

Omar Mariko, candidato do partido pró-golpe Solidariedade Africana pela Democracia e a Independência (Sadi), propõe uma mudança radical para vetar da política "aqueles que afundaram o país em um poço de ruína e vergonha", em referência aos políticos próximos ao presidente derrubado Amado Toumani Touré.

Em contrapartida, o secretário-geral do Partido pelo Renascimento Nacional (Parena), Tiebile Drame, apontou o capitão Amado Haya Sanogo, líder do golpe militar contra Touré, como o principal responsável pela situação que vive o país.

"É necessário que os golpistas, com o capitão Sanogo à frente, desapareçam da cena política", disse Drame sobre a grande influência dos militares na tomada de decisões e que ficou patente em dezembro do ano passado com a saída do então primeiro-ministro Modibo Diarra por pressões diretas do Exército. 

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesGuerrasMali

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Susie Wiles como chefe de gabinete

Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados Unidos

Setores democratas atribuem derrota de Kamala à demora de Biden para desistir da disputa

Pelúcias inspiradas na cultura chinesa viralizam e conquistam o público jovem