Mundo

Maliki se aferra ao cargo diante de pressão internacional

O Parlamento deverá escolher em 1º de julho um novo presidente, e então será iniciado o processo de formação de um novo governo


	Nouri al-Maliki: premiê rejeitou a ideia de um governo de "salvação nacional"
 (Ahmed Jadallah/Iraque)

Nouri al-Maliki: premiê rejeitou a ideia de um governo de "salvação nacional" (Ahmed Jadallah/Iraque)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 18h21.

Bagdá/Cairo - O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, deixou clara nesta quarta-feira a intenção de permanecer no cargo que exerce interinamente e rejeitou a ideia de um governo de "salvação nacional", como a levantada pelos Estados Unidos junto com boa parte das forças políticas nacionais.

"A coalizão liderada pelo dirigente xiita, Estado de Direito, venceu as eleições legislativas de abrils pedidos para formar um governo de salvação nacional são um golpe contra a Constituição e uma tentativa de eliminar o processo democrático", disse Maliki em discurso à nação.

A coalizão liderada pelo dirigente xiita, Estado de Direito, venceu as eleições legislativas de abril, embora com uma exígua maioria que os impede de formar um governo sem buscar alianças (foram 92 cadeiras em um total de 328).

O Parlamento deverá escolher em 1º de julho um novo presidente, e então será iniciado o processo de formação de um novo governo, o que não parece que será fácil para o atual primeiro-ministro interino.

Em declarações por telefone à Agência Efe, o dirigente do bloco Al Ahrar (Os Livres), segundo colocado nas eleições, Hussein Jafayi, disse que a coalizão do governo interino estuda a formação de um governo presidido por alguém que não seja Maliki.

O político do Al Ahrar, bloco liderado pelo poderoso clérigo xiita Moqtada al-Sadr, explicou que as negociações sobre este assunto continuam e que a sessão parlamentar da próximo terça-feira será "decisiva".

No entanto, Jafayi tem receio de que alguns blocos laicos e sunitas que defendem a formação de um governo de união nacional não participem da sessão parlamentar e a esvaziem, o que, segundo ele, faria com que não fosse alcançado o quórum necessário.

O primeiro-ministro foi contundente no ataque contra algumas forças da oposição, sem dar nomes, e as acusou de "se rebelarem contra a Constituição" e de apoiarem insurgentes sunitas liderados pelo jihadista Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL).

"Em meio a difíceis circunstâncias, não escutamos os parceiros políticos falarem de respaldo ao governo, (mas) atuam como se fossem dividir o lucro do saque", lamentou Maliki.

Vários partidos políticos iraquianos, tanto sunitas como xiitas, pediram nos últimos dias a formação de um governo de união nacional que englobe as várias partes em conflito e defenderam a diferenciação entre as reivindicações legítimas da minoritária comunidade sunita e as ações dos extremistas do Estado Islâmico do Iraque e Levante.

Quem também pediu um governo de unidade foi o secretário de Estado americano, John Kerry, que esteve dois dias atrás em Bagdá: "Quando xiitas, sunitas e curdos participarem da escolha do governo, o Iraque será mais forte e seguro", ressaltou.

Hoje, membros da equipe de especialistas enviada pelos EUA se reuniram pela primeira vez com comandantes militares iraquianos para preparar a contraofensiva e tentar recuperar o terreno.

Em 10 de junho, os rebeldes tomaram a cidade de Mossul, a segunda maior do país, e conseguiram ocupar sucessivamente outras localidades estratégicas no norte do Iraque, facilitada pela precipitada retirada das forças do governo.

Na reunião de hoje foi definida a criação de um comando misto de trabalho, informou o porta-voz do exército iraquiano, Qasem Ata, sem dar mais detalhes.

No entanto, esta cooperação desperta o receio de parte da população e de algumas forças políticas, como a de Al Ahrar, cujo dirigente Jafayi considerou que "os conselheiros americanos complicarão a situação ao invés de solucioná-la".

"Temos especialistas, e o que precisamos mesmo são de armas", disse à Agência Efe Jafayi, integrante de um grupo cuja milícia, o chamado Exército Mehdi, foi uma das mais ativas na resistência armada contra as tropas americanas após a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003.

Enquanto isso, os combates e os bombardeios continuam próximo à disputada refinaria de Biji (ao norte de Bagdá) e perto da fronteira com a Síria. Hoje 22 pessoas morreram e 36 ficaram feridas no local.

Já o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, desmentiu hoje ter lançado ataques dentro do território iraquiano.

A agência de notícias oficial síria, "Sana", disse que "o que foi divulgado por canais envolvidos no derramamento de sangue sírio e iraquiano sobre bombardeios de aviões sírios dentro das fronteiras do Iraque não é certo nem na forma nem no conteúdo".

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaGovernoIraque

Mais de Mundo

Putin ameaça usar míssil balístico de capacidade nuclear para bombardear Ucrânia

Governo espanhol avisa que aplicará mandado de prisão se Netanyahu visitar o país

Os países com as maiores reservas de urânio do mundo

Os países com as maiores reservas de nióbio no mundo