Nicolás Maduro: órgão equivalente ao STF na Venezuela decidiu dissolver o parlamento, onde a oposição era maioria (Palácio de Miraflores/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de abril de 2017 às 09h03.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta sexta-feira à oposição que retome o processo de diálogo político rompido no início do ano, em meio à crise institucional iniciada após a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de assumir as funções do Legislativo.
"Eu insisto à oposição venezuelana: voltem ao caminho do diálogo, voltem ao caminho da soberania", disse o presidente durante um ato com simpatizantes transmitido pela emissora de televisão estatal "VTV".
Maduro acrescentou que ele pessoalmente está "pronto" para continuar com as jornadas de conversas, e garantiu que aceitaria algumas condições impostas pelos opositores.
"Quando queiram, onde queiram, como queiram, com quem queiram", ressaltou.
Nesse sentido, afirmou que uma nova rodada de negociações ajudaria ambos lados a "buscar pontos comuns de paz" e "respeito" em prol da "prosperidade" do país.
Maduro e a oposição venezuelana, agrupada na Mesa da Unidade Democrática (MUD), iniciaram em outubro do ano passado um processo de diálogo com a mediação dos ex-presidentes do Panamá, Martín Torrijos, da República Dominicana, Leonel Fernández, do ex-chefe do governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e do Vaticano.
No entanto, estas conversas se estagnaram quando os opositores acusaram o governo de descumprir alguns acordos, e o diálogo entrou em dezembro em uma "fase de revisão" que se manteve até janeiro, quando a oposição finalmente abandonou as negociações e rejeitou uma proposta dos mediadores para "reativar" as conversas.
O novo chamado de Maduro ao diálogo acontece em meio à "controvérsia" entre poderes do Estado por causa da decisão do TSJ de assumir as funções do parlamento, que é controlado pela oposição.
Hoje a titular da Procuradoria-Geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, disse que a decisão do máximo tribunal representa a "ruptura do fio constitucional" e o "desconhecimento do modelo de Estado" consagrado na Constituição venezuelana.
Perante isto, Maduro convocou para esta noite o Conselho de Defesa da Nação, um ente formado pelo Executivo e os responsáveis de Segurança e Justiça, para "dirimir" este último conflito entre os poderes.