"EUA! Um momento para celebrar a amizade entre nossos dois países. Um momento para progredirmos juntos em um período de grandes desafios", tuitou Macron (Nathan Laine/Bloomberg/Getty Images)
AFP
Publicado em 30 de novembro de 2022 às 15h16.
O presidente da França, Emmanuel Macron, começa nesta quarta-feira (30) uma visita de Estado a Washington, com a expectativa de selar, de forma solene, a reconciliação franco-americana, depois de uma grave crise diplomática e apesar de turbulências em torno do protecionismo comercial dos Estados Unidos.
Macron iniciará esta viagem de três dias com reuniões de trabalho: sobre temas espaciais, com a vice-presidente Kamala Harris, na sede da Agência Espacial Americana (Nasa), na presença dos astronautas Thomas Pesquet e Sophie Adenot; sobre meio ambiente com congressistas; e sobre energia nuclear civil com membros do setor.
O presidente francês chegou aos EUA acompanhado de uma delegação de 50 pessoas. Entre elas, estão empresários como Bernard Arnault e sua filha Delphine, do grupo de luxo LVMH, que inclui as marcas Louis Vuitton e Dior; Xavier Niel (Free) e Patrick Pouyanné (Total).
Ele também leva ministros, líderes das chamadas French Tech ("startups" francesas) que Paris quer promover, o coreógrafo Benjamin Millepied, o romancista americano Douglas Kennedy, a diretora do Louvre, Laurence Des Cars, e até Christian Louboutin, cujos sapatos de salto alto com sola vermelha são uma sensação entre as estrelas de Hollywood.
O chefe de Estado também conversará com membros da comunidade francesa, após uma cerimônia no Cemitério Nacional de Arlington.
Ao final do dia, Emmanuel e Brigitte Macron se reúnem com o casal Joe e Jill Biden para um jantar íntimo, antes das cerimônias oficiais marcadas para quinta-feira, na Casa Branca.
"EUA! Um momento para celebrar a amizade entre nossos dois países. Um momento para progredirmos juntos em um período de grandes desafios", tuitou Macron em inglês, logo após sua chegada, na noite de terça-feira (29).
Assim como fez seu antecessor republicano, Donald Trump, em 2018, o presidente democrata, de 80 anos, escolheu seu colega francês, de 44, para a primeira visita de Estado de seu mandato.
"A França é, literalmente, um dos fios que tecem nossa nação", disse à jornalistas franceses John Kirby, porta-voz do Executivo americano, elogiando a "liderança", "experiência" e "sabedoria" de Macron.
Algo muito diferente do clima de um ano atrás.
Em setembro de 2021, os Estados Unidos anunciaram uma nova aliança, AUKUS, com Austrália e Reino Unido, irritando a França. Além de ser mantida à margem em uma região-chave do mundo, Paris perdeu, para os EUA, um bilionário contrato de venda de submarinos assinado com Camberra.
Desde então, Washington vem tomando medidas para apaziguar seu aliado.
"O nível de cooperação, sua profundidade, é bastante notório, considerando-se como as coisas estavam há mais ou menos um ano", disse Kirby, chamando-o de aliança "orientada para o futuro".
O futuro é a transição energética, a concorrência com a China, a retomada industrial... O presidente americano encara esses desafios com um patriotismo econômico que irrita Paris.
Biden embarcou em um programa de gastos faraônico, o Inflation Reduction Act ("Lei de Redução da Inflação"), sob o lema "made in USA" ("fabricado nos EUA") que prevê, entre outras medidas, generosos subsídios ao setor de veículos elétricos. Um tema sobre o qual Macron e seu anfitrião certamente falarão na reunião no Salão Oval nesta quinta-feira.
A França considera esta lei "protecionista" e espera obter "isenções" para algumas indústrias europeias.
A Casa Branca não pretende, contudo, anunciar isenções de imediato, preferindo falar de um plano em que todos os lados saiam ganhando e que, em última análise, também beneficiaria a economia europeia.
O Eliseu gostaria que os europeus reagissem, adotando uma arma comercial similar, como um "Buy European Act".
Os dois presidentes também aproveitarão a oportunidade para expressar unidade em relação à Ucrânia, comprometendo-se a continuar apoiando Kiev no que for necessário. Ambos consideram que as negociações com Moscou podem ocorrer somente quando o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, julgar apropriado.
Enquanto isso, Kirby manifestou a simpatia do governo americano para com os esforços, às vezes polêmicos, de Macron para manter o diálogo com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
"Achamos que é algo bom", afirmou o porta-voz.
"Acolhemos com satisfação a capacidade do presidente Macron" de manter "a comunicação com o presidente Putin", completou Kirby.
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