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Macri assume como presidente e promete mudança liberal

Uma falha judicial inédita pelo desacordo sobre a transição estabeleceu que o mandato de Kirchner terminaria na quarta-feira às 23h59


	Mauricio Macri, presidente argentino: em seu discurso, também se comprometeu a dar "total apoio à justiça independente que tem sido uma fortaleza da democracia nestes anos"
 (REUTERS/Andres Stapff)

Mauricio Macri, presidente argentino: em seu discurso, também se comprometeu a dar "total apoio à justiça independente que tem sido uma fortaleza da democracia nestes anos" (REUTERS/Andres Stapff)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 15h48.

Mauricio Macri, um empresário liberal da direita, converteu-se o novo presidente da Argentina nesta quinta-feira, prometendo "novos tempos" após finalizar o ciclo político mais longo da democracia do país liderado pelo casamento centro-esquerdista de Néstor e Cristina Kirchnner desde 2003.

Ante um chefe de estado provisório, Macri fez seu juramento em uma cerimônia sem transição de mandato com sua antecessora Cristina Kirchnner, ausente devido a um desacordo de protocolo estabelecido pela justiça no último minuto.

"Juro por Deus nosso Senhor e ante os Santos Evangelhos desempenhar com lealdade e honestidade o cargo de presidente da Nação", afirmou Macri diante de Federico Pinedo, presidente provisório do Senado e encarregado pelo Poder Executivo até a hora do juramento.

Em seu primeiro discurso frente à Assembleia Legislativa, prometeu encaminhar a Argentina rumo ao desenvolvimento, lutar contra a corrupção e buscar "a união de todos os argentinos nestes novos tempos, após anos de confrontos".

É preciso "reconhecer os problemas para que, juntos, encontremos as soluções". A política "não é uma competência entre dirigentes para ver quem tem o maior ego", acrescentou.

Em seu discurso, também se comprometeu a dar "total apoio à justiça independente que tem sido uma fortaleza da democracia nestes anos".

"Não haverá juízes macristas", assegurou.

Sem Cristina Kirchner

Escoltado por uma guarda de honra de 300 soldados a cavalo, Macri chegou à sede do Congresso acompanhado de sua esposa, Juliana Awada, em um carro fechado, seguido por centenas de simpatizantes.

"Esperamos por muito tempo. Desde 83, vimos muitas coisas. Estou esperançosa de que as coisas possam ser bem feitas", disse Susana Antonietti, uma mulher de 60 anos que esperava nos arredores do Congresso enquanto fazia referência ao ano em que a Argentina recuperou a democracia.

Kirchner, que no dia anterior havia se despedido, em um ato público, de milhares de partidários emocionados, não assistiu à ascensão, assim como também não o fez o bloco de deputados de seu partido devido a um desacordo sobre a transição da banda e bastão presidencial, que Pinedo entregará mais tarde na sede do governo.

Uma falha judicial inédita pelo desacordo sobre a transição estabeleceu que o mandato de Kirchner terminaria na quarta-feira às 23H59.

Um minuto depois, explodia um carnaval de bandeiras, aplausos e buzinadas nos bairros residenciais de Palermo e Recoleta.

Este empresário milionário de 56 anos, casado três vezes, pai de quatro filhos e ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors, é recebido com braços abertos pelo setor financeiro.

Uma dezena de chefes de Estado, entre eles a presidente Dilma que pousou em Buenos Aires enquanto Macri fazia seu juramento, participam de uma jornada protocolar junto à chilena Michelle Bachelet, o equatoriano Rafael Correa, o rei emérito da Espanha Juan Carlos e o bolivariano Evo Morales, com quem jogou uma partida de futebol na quarta-feira.

Macri encontra um país polarizado depois de ter vencido com uma pequena diferença o segundo turno de 22 de novembro (51,33% contra 48,66%) contra Daniel Scioli, o candidato da coalizão de esquerda kirchnerista.

Desafios econômicos

"Nosso trabalho já começou sobre três grandes desafios: pobreza zero, terminar com o narcotráfico e unir os argentinos", disse nesta quinta-feira Marcos Peña, chefe de gabinete designado.

A economia está há quatro anos estagnada, a inflação é de dois dígitos e as reservas não estão em condições de suportar sua promessa de dar um fim às restrições cambiais que regem desde 2011.

Macri prometeu unificar os tipos de câmbio. O dólar está cotado em 9,75 pesos no mercado oficial, mas ronda os 17,75 no paralelo, termômetro de humor dos mercados.

Mas também denunciou a queda das reservas em torno dos 25 bilhões de dólares e caindo, segundo Banco Central.

Para reforçá-las, espera pela entrada de aproximadamente 8 bilhões de dólares em exportações agrárias.

Na frente externa, o novo governo começará a negociar com os fundos "abutres" para resolver o litígio por títulos não pagos da dívida, anunciou um mediador judicial americano do caso, após se reunir em Nova York com um enviado de Macri.

Desvalorizar e negociar

O mercado interno antecipou uma desvalorização com o aumento de preços "preventivos" nos últimos dias do setor industrial dependente de insumos importados.

A falta de estatísticas confiáveis que meçam a inflação, dos 20% anual segundo a agência estatal e dos 30% de acordo com consultoras, contribui para a dificuldade de preços relativos. Nesse sentido, a normatização estatística será outro desafio.

O poder aquisitivo do salário se manteve por uma lei de negociações entre sindicatos e empresas com reajustes ligados à inflação.

O Congresso será outra dura questão para o novo governo de Macri.

Na Câmara dos Deputados, o bloco kirchnerista é a primeira minoria, mas maioria no Senado.

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