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Maconha se torna salvação para retomada do cânhamo nos EUA

Confusão a respeito do cânhamo e da maconha tornou o cultivo de cânhamo ilegal nos EUA durante várias gerações


	Maconha nos EUA: com flexibilização da droga, o cânhamo ganhou apoio para cultivo legal
 (Matthew Staver/Bloomberg)

Maconha nos EUA: com flexibilização da droga, o cânhamo ganhou apoio para cultivo legal (Matthew Staver/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 21h56.

Washington - Jim Barton está finalmente colhendo uma safra de cânhamo, a variedade de cannabis usada nos tempos coloniais para produzir cordas, panos para velas de embarcações e outros produtos.

Mas o fazendeiro de 80 anos de idade do Kentucky não está comemorando o impulso bem-sucedido de flexibilização das leis sobre a maconha que também levaram o Congresso a permitir canteiros-pilotos da versão da planta sem efeito intoxicante.

“A maconha sempre foi o problema do cânhamo”, disse Barton, durante um intervalo dado à colheitadeira verde da Deere Co. em uma fazenda nos arredores de Lexington. “A maconha é perigosa, o cânhamo não”.

A confusão a respeito das duas plantas tornou o cultivo de cânhamo ilegal nos EUA durante várias gerações.

Com as atitudes em relação à flexibilização da maconha - no dia 4 de novembro, os eleitores de Washington, Alasca e Oregon se tornaram os últimos a legalizar a planta para uso recreativo -, o cânhamo ganhou apoio para cultivo legal em uma base experimental.

O sucesso pode ajudar agricultores do Kentucky que estão em dificuldades devido à queda na produção de tabaco e a uma receita mais baixa com milho e soja.

Embora seja difícil estimar o tamanho de um mercado potencial, as utilidades do cânhamo são impressionantes: 25.000 possíveis produtos nos ramos de agricultura e alimentação, têxtil, reciclagem, automotivo, móveis, papel, materiais de construção e saúde, segundo o Departamento da Agricultura dos EUA.

Alguns agricultores também estão planejando comercializar uma variedade para fins medicinais e vendê-la fora do estado.

Embora existam partidários da maconha entre os maiores defensores do cânhamo, “há estereótipos dos quais as pessoas querem se afastar”, disse Anndrea Hermann, presidente da Associação das Indústrias do Cânhamo, que não tem posição em relação à legalização da maconha.

Plantações-piloto

Atualmente, o uso recreativo da maconha é legal no Colorado e no estado de Washington, e pelo menos 30 estados possuem alguma forma de maconha descriminalizada ou para fins medicinais, segundo a Organização Nacional para a Reforma das Leis da Maconha.

Um projeto de lei agrícola aprovado neste ano permite projetos-piloto de cânhamo em 14 estados, incluindo o Kentucky.

O senador Mitch McConnell, um republicano do Kentucky que se opõe à legalização da maconha, declarou apoio ao cânhamo em sua bem-sucedida campanha para reeleição.

Com a tomada do Senado dos EUA pelos republicanos, ele está na linha de sucessão para se tornar líder da maioria.

Tom Hutchens, um plantador de tabaco que agora está tentando adaptar variedades estrangeiras do cânhamo às condições de plantio dos EUA, se diz realista.

A única forma de inspirar confiança será uma regulação estrita do cânhamo e uma igualmente estrita separação da maconha, disse Hutchens.

Não é fácil como parece. O cânhamo legal complica a erradicação da maconha ao tornar mais difícil identificar a colheita ilegal, disse Jeremy Slinker, que comanda o Programa de Erradicação de Cannabis da Polícia do Estado do Kentucky.

“Isso é completamente novo para nós”, disse ele. “Os criminosos sempre encontram novas táticas e nós não temos o tempo nem os recursos para nos tornarmos inspetores do cânhamo”.

Defensor do cânhamo

Escolher os amigos cuidadosamente será fundamental para o crescimento do setor, disse Ken Anderson, CEO da Original Green Distribution, uma fornecedora de Minneapolis de materiais com base no cânhamo, como painéis de gesso, comercializado como uma fibra natural e sustentável.

Quando Minnesota promulgou uma lei para a maconha medicinal neste ano, o estado pediu que Anderson o assessorasse sobre como operar os ambulatórios estaduais.

Anderson se recusou.

A defesa do cânhamo é a paixão de sua vida. “Meu negócio não tem nada a ver com a maconha”, disse ele.

“As duas plantas precisam ser consideradas separadamente”, o que, segundo ele, é um desafio, devido ao que ele chama de grupo de pressão dos que lutam pela legalização das drogas entre os defensores do cânhamo.

“Em um certo momento você precisa trabalhar e não lutar”, disse ele. “É aí que você começará a ver a escala que essa indústria pode alcançar”.

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