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Lula pretende deixar resgate da autoestima como legado

`Se eu pude ser presidente da República, qualquer um de vocês pode ser presidente, governador, prefeito´, foi o recado do presidente aos trabalhadores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Renato Araujo/ABr)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Renato Araujo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Rio de Janeiro - Em clima de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de batismo da plataforma da Petrobras P-57, em Angra dos Reis (RJ), no início da tarde, para mandar um recado aos trabalhadores. Disse que deseja deixar o resgate da autoestima dos brasileiros como legado.

"Quero me despedir dizendo que o legado que eu quero deixar na cabeça de cada homem e de cada mulher é a certeza de que não existe um ser humano inferior. Se eu pude ser presidente da República, qualquer um de vocês pode ser presidente, governador, prefeito", discursou Lula para uma plateia de cerca de 500 operários do estaleiro Brasfels, no litoral sul do Rio. Ele chegou ao evento com cerca de meia hora de atraso e dedicou mais de vinte minutos ao contato com os operários, tirando fotos e até recebendo presentes.

Em seu primeiro evento público após o primeiro turno das eleições, que frustrou sua expectativa de eleger logo a ex-ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) como sucessora, Lula preferiu não fazer referências diretas ao pleito. Apenas iniciou o discurso parabenizando a reeleição do governador fluminense Sérgio Cabral, que também não fez menção às eleições. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também evitou referências a Dilma ou ao segundo turno.

No entanto, o prefeito de Angra dos Reis, Tuca Jordão (PMDB), o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, e sindicalistas fizeram referência indireta à candidatura de continuidade. "Esse ano, companheirada, é o ano das mulheres no Brasil", incitou o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes. No discurso, o sindicalista ainda se queixou da direção do estaleiro, que teria proibido manifestações políticas dos operários no local de trabalho.

Rocha lembrou que contou com a ajuda de Dilma e da diretora de Gás da Petrobras, Graça Foster, em 2003, para levar ao governo a proposta de aumentar o grau de nacionalização da fabricação de plataformas e embarcações para a indústria de petróleo. No discurso, ele afirmou que a recuperação da indústria naval se deve a Lula e defendeu "consciência" no dia 31 de outubro, a data de realização do segundo turno. "Já ouvi em outros governos: por que fazer aqui se posso comprar lá fora mais barato?"

No fim da cerimônia, Lula acabou, sem perceber, posando com uma peça de propaganda em favor de Dilma. Ele recebeu de um grupo de trabalhadores uma faixa agradecendo os empregos criados em Angra. A faixa foi adulterada, mas era visível que o nome de Dilma foi trocado pela palavra "festa" na frase "Agora é festa!". Ainda no discurso, Lula indicou que lamenta deixar a Presidência. "No dia 31 de dezembro, à meia-noite, eu não vou ter entregado a faixa (presidencial) ainda. Estou pensando em colar a bichinha na barriga", brincou.

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