Exame Logo

Ingerência do mercado causou protestos, diz Lula e González

Os ex-presidentes do Brasil e da Espanha concordaram em que as ondas de protestos dos cidadãos são uma reação à "ingerência" dos mercados

Os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (E) e o ex-presidente do governo da Espanha, Felipe González (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2015 às 16h51.

São Paulo - Os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente do governo da Espanha , Felipe González, concordaram nesta segunda-feira em que as ondas de protestos dos cidadãos são uma reação à "ingerência" dos mercados no panorama político global.

"O modelo econômico da globalização acumula riqueza em maior proporção que a redistribui", afirmou González em São Paulo, onde participou hoje da conferência "Novos Desafios da Democracia", organizada pelo Instituto Lula e pelas fundações Friedrich Ebert e Perseu Abramo.

"Em 1980 o PT era um Podemos", declarou Lula em referência ao recém criado partido político espanhol que nos últimos tempos se transformou em uma referência para o chamado movimento dos indignados.

González, que presidiu o governo espanhol entre 1982 e 1996, se definiu como um membro da "tribo" da Internacional Socialista e opinou que a situação provocada pelo processo de globalização "gera novos movimentos sociais".

Por sua parte, o ex-presidente brasileiro, que governou entre 2003 e 2010, lembrou como décadas atrás as autoridades do país "ficaram nervosas" quando o povo começou "a sair às ruas com o PT".

Segundo González, os movimentos antiglobalização surgiram a partir do Foro de São Paulo, fundado em 1990 por movimentos da esquerda latino-americana e que proferiu enérgicas condenações contra o neoliberalismo.

"A globalização mostra que, independentemente das fronteiras, se adotam decisões que nos impedem de exercer a soberania nacional", disse González, destacando também que este "não é um processo reversível, é uma realidade".

O ex-líder espanhol ainda acusou a União Europeia (UE) de estar redistribuindo a riqueza "de forma equivocada" e criticou que o Banco Central Europeu não tenha tomado medidas para fomentar a criação de emprego durante estes anos de crise, ao contrário do que fez o Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Lula uniu-se às críticas de González e ressaltou que, "exceto na Alemanha", os ajustes de impostos na Europa não serviram para diminuir os níveis de dívida.

González deu como exemplo o caso da Grécia, que "perdeu em cinco ou seis anos quase 30% de seu PIB".

De acordo com o ex-presidente espanhol, a atitude inflexível da UE fez com que "em dez dias saíssem da Grécia 4 bilhões de euros da classe média, enquanto a Europa lhe pede 2 bilhões para alcançar um acordo".

O espanhol não ignorou, no entanto, a responsabilidade que o próprio país heleno tem em sua atual situação, com um sistema de previdência em crise e com verbas orçamentárias que não se ajustam a suas necessidades.

González declarou que, perante este panorama de incerteza, seria interessante que se levassem em conta as medidas propostas nas redes sociais com o objetivo de criar "uma democracia realmente participativa".

"A velocidade com a qual se movimenta o parlamento Europeu é menor que a velocidade com a qual se movimentam as redes sociais", criticou.

Por sua parte, Lula fez um pedido às pessoas de "todo o mundo" para que "gostem de política, para que assim participem e para que surjam novas alternativas".

Veja também

São Paulo - Os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente do governo da Espanha , Felipe González, concordaram nesta segunda-feira em que as ondas de protestos dos cidadãos são uma reação à "ingerência" dos mercados no panorama político global.

"O modelo econômico da globalização acumula riqueza em maior proporção que a redistribui", afirmou González em São Paulo, onde participou hoje da conferência "Novos Desafios da Democracia", organizada pelo Instituto Lula e pelas fundações Friedrich Ebert e Perseu Abramo.

"Em 1980 o PT era um Podemos", declarou Lula em referência ao recém criado partido político espanhol que nos últimos tempos se transformou em uma referência para o chamado movimento dos indignados.

González, que presidiu o governo espanhol entre 1982 e 1996, se definiu como um membro da "tribo" da Internacional Socialista e opinou que a situação provocada pelo processo de globalização "gera novos movimentos sociais".

Por sua parte, o ex-presidente brasileiro, que governou entre 2003 e 2010, lembrou como décadas atrás as autoridades do país "ficaram nervosas" quando o povo começou "a sair às ruas com o PT".

Segundo González, os movimentos antiglobalização surgiram a partir do Foro de São Paulo, fundado em 1990 por movimentos da esquerda latino-americana e que proferiu enérgicas condenações contra o neoliberalismo.

"A globalização mostra que, independentemente das fronteiras, se adotam decisões que nos impedem de exercer a soberania nacional", disse González, destacando também que este "não é um processo reversível, é uma realidade".

O ex-líder espanhol ainda acusou a União Europeia (UE) de estar redistribuindo a riqueza "de forma equivocada" e criticou que o Banco Central Europeu não tenha tomado medidas para fomentar a criação de emprego durante estes anos de crise, ao contrário do que fez o Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Lula uniu-se às críticas de González e ressaltou que, "exceto na Alemanha", os ajustes de impostos na Europa não serviram para diminuir os níveis de dívida.

González deu como exemplo o caso da Grécia, que "perdeu em cinco ou seis anos quase 30% de seu PIB".

De acordo com o ex-presidente espanhol, a atitude inflexível da UE fez com que "em dez dias saíssem da Grécia 4 bilhões de euros da classe média, enquanto a Europa lhe pede 2 bilhões para alcançar um acordo".

O espanhol não ignorou, no entanto, a responsabilidade que o próprio país heleno tem em sua atual situação, com um sistema de previdência em crise e com verbas orçamentárias que não se ajustam a suas necessidades.

González declarou que, perante este panorama de incerteza, seria interessante que se levassem em conta as medidas propostas nas redes sociais com o objetivo de criar "uma democracia realmente participativa".

"A velocidade com a qual se movimenta o parlamento Europeu é menor que a velocidade com a qual se movimentam as redes sociais", criticou.

Por sua parte, Lula fez um pedido às pessoas de "todo o mundo" para que "gostem de política, para que assim participem e para que surjam novas alternativas".

Acompanhe tudo sobre:EspanhaEuropaLuiz Inácio Lula da SilvaPersonalidadesPiigsPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosProtestosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame