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Lula diz que América Latina vive '2ª década perdida' em discurso na ONU

Presidente também defendeu maior papel do Estado e criticou 'experiências ultraliberais'

O presidente Lula, durante discurso na ONU nesta terça, 24 (Michael Santiago/AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 11h55.

Última atualização em 24 de setembro de 2024 às 11h58.

O presidente Lula disse, em discurso na Assembleia-Geral da ONU, que a América Latina vive um momento difícil na política e na economia, e que as duas crises se retroalimentam.

"Na América Latina vive-se desde 2014 uma segunda década perdida. O crescimento médio da região nesse período foi de apenas 0,9%, metade do verificado na década perdida de 1980. Essa combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade resulta em efeitos nefastos sobre a paisagem política", disse, nesta terça, 24, no plenário da ONU, em Nova York.

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"É injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis. No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento", afirmou.

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Lula, no entanto, não citou a Venezuela, país que vive uma das piores crises políticas do continente, onde o presidente Nicolás Maduro é acusado pela oposição de fraudar a eleição presidencial para se manter no poder.

"No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento. Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas", disse.

Assembleia Geral da ONU 2024

Ataque a 'ultraliberais'

O presidente também fez críticas ao que chamou de 'experiências ultraliberais' e disse que elas apenas pioram as dificuldades.

"O Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis sem abdicar de fundamentos macroeconômicos sadios. A falsa oposição entre Estado e mercado foi abandonada pelas nações desenvolvidas, que voltaram a praticar políticas industriais ativas e forte regulação da economia doméstica",

"O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei", disse.

"A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital.

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