Repórter
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 16h57.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma conversa telefônica com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para discutir "a paz na América do Sul", informou o Palácio do Planalto à AFP nesta sexta-feira,12.
A conversa entre as lideranças ocorreu em um contexto de crescente pressão do governo de Donald Trump sobre Maduro, que é acusado de liderar um cartel do narcotráfico, além de sofrer ações militares americanas contra embarcações suspeitas de transportar drogas nas águas do Caribe, perto da costa da Venezuela.
De acordo com uma fonte do governo brasileiro, a conversa entre Lula e Maduro foi "rápida" e focada na manutenção da paz na América do Sul e no Caribe. O diálogo foi o primeiro entre os dois desde as eleições presidenciais da Venezuela, em julho de 2024, nas quais Maduro foi reeleito, mas o resultado não foi reconhecido oficialmente pelo Brasil.
A mesma fonte destacou que o presidente Lula não tem a intenção de se envolver como "mediador" na crise entre Trump e Maduro, apesar de o Brasil manter um interesse em uma solução pacífica para a região.
Enquanto isso, os Estados Unidos continuam adotando medidas econômicas e militares para aumentar a pressão sobre Maduro. Em uma recente entrevista, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que os dias de Maduro estão "contados". O presidente venezuelano, por sua vez, nega as acusações de narcotráfico e acusa Trump de tentar impor uma "mudança de regime" para se apoderar das grandes reservas de petróleo da Venezuela.
Na quinta-feira, Lula afirmou que defendeu, durante uma ligação com Trump também na semana passada, uma abordagem pacifista para a região, reiterando sua posição de buscar a paz e estabilidade na América Latina.
"Eu falei, 'Ô, Trump, nós não queremos guerra na América Latina. Nós somos uma zona de paz'", disse Lula em um evento oficial em Belo Horizonte (MG).
Segundo seu relato, Trump lhe respondeu: "Mas eu tenho mais armas, eu tenho mais navios, eu tenho mais bombas".
"Eu falei, 'Cara, eu acredito mais no poder da palavra do que no poder da arma. Vamos tentar usar a palavra como instrumento de convencimento, de persuasão, para gente fazer as coisas certas. Vamos acreditar que a palavra, diplomaticamente, é a coisa mais forte para gente resolver os problemas'", concluiu Lula.
(Com informações da agência AFP)