O PT escolheu o ex-presidente para intermediar as negociações entre partidos e organizações civis (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2011 às 17h31.
São Paulo - Longe do Palácio do Planalto e empenhado em continuar participando ativamente da política nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou as centrais sindicais para discutir uma proposta conjunta de reforma política a ser defendida no Congresso Nacional.
O ex-presidente vai ouvir os dirigentes sindicais no dia 27 de maio no Instituto Cidadania, organização não-governamental que ele voltou a dirigir após deixar a Presidência da República. Hoje, sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) promoveram um seminário em um hotel na zona sul de São Paulo para debater o tema.
Embora o assunto ainda não seja prioridade no Congresso, partidos e entidades da sociedade civil começam a se mobilizar em torno do tema. O PT escolheu o ex-presidente para intermediar as negociações entre partidos e organizações civis. O primeiro encontro aconteceu na última segunda-feira, 16, quando representantes do PT, PSB, PCdoB e PDT decidiram promover uma articulação política unificada para defender propostas consensuais, entre elas fidelidade partidária, financiamento público de campanha e fim das coligações.
No mesmo dia, o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), se encontrou com o ex-governador José Serra para ouvir as propostas dos tucanos. Na ocasião, Serra insistiu na implantação do voto distrital nas eleições de 2012 para municípios com mais de 200 mil habitantes.
Para a CUT, a reforma política só sairá se houver mobilização de toda a sociedade brasileira. "Acho que se a sociedade se mobilizar, as reformas entram em debate. Só temos este ano", lembrou o presidente da CUT, Artur Henrique, ao referir-se às eleições municipais do próximo ano.
Relator da Comissão Especial sobre Reforma Política da Câmara Federal, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) ressaltou no evento que uma ampla reforma tem menos chances de ser aprovada, mas que fidelidade partidária e financiamento público de campanha têm amplo apoio na Casa. Ele admitiu que seu relatório, a ser apresentado em pouco mais de um mês, deve propor um sistema eleitoral misto com voto proporcional. "Não vai ser o relatório dos meus sonhos, será o relatório possível", afirmou o deputado, que defende voto em lista fechada.