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Lobos se aproximam de Paris e fazendeiros reclamam

Desde maio, os lobos atacaram rebanhos de ovelhas 29 vezes em um conjunto de cidadezinhas cerca de 180 quilômetros a sudeste de Paris

Vista geral da torre Eiffel, em Paris: embora os lobos não representem um perigo para moradores, eles podem ter se espalhado pelo norte e pelo oeste desde que migraram da Itália (Franck Fife/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2014 às 23h46.

Paris - Os lobos estão nos portões de Paris . Um lobo macho, provavelmente abatido por caçadores, foi encontrado morto no dia 31 de janeiro em Coole, uma cidade 160 quilômetros a leste da capital francesa. Desde maio, os lobos atacaram rebanhos de ovelhas 29 vezes em um conjunto de cidadezinhas cerca de 180 quilômetros a sudeste de Paris.

“São apenas alguns dias de caminhada para um lobo”, disse Maxime Zucca, pesquisadora do Natureparif, um órgão financiado pelo governo que estuda a vida selvagem na Île-de-France, a região que circunda a capital. “Não podemos prever se ou quando eles chegarão à área de Paris, mas é algo para o qual devemos estar preparados”.

Embora os lobos não representem um perigo imediato para os moradores da cidade, eles podem ter se espalhado pelo norte e pelo oeste da França desde que migraram da Itália, em 1992, e em toda parte levaram a debates entre fazendeiros, que dizem que seus rebanhos estão em risco, e ambientalistas, que dão as boas-vindas ao retorno dos míticos predadores. Fazendeiros, apoiados por alguns membros do Parlamento, querem que a França cancele acordos que proíbem a caça de predadores protegidos, como lobos, linces e ursos.

“Os lobos são legais nos Alpes, na Sibéria, em Yellowstone, mas eles são incompatíveis com a agricultura humana”, disse Nicolas Dhuicq, legislador que introduziu um projeto de lei permitindo a caça de lobos, em entrevista, na semana passada. Na oportunidade, ele e agricultores da região de Aube, a sudeste de Paris, estavam reunidos em uma fazenda local para discutir como aumentar o nível de consciência a respeito dos desafios que eles enfrentam em relação aos lobos.

Até seu retorno, nos anos 1990, os últimos lobos da França haviam sido mortos no sudoeste do país, nos anos 1920. Eles têm estado extintos na região de Paris desde a metade do século 19.

Desgraça dos fazendeiros

A França tem atualmente uma população de 250 a 300 lobos e esse número está crescendo, segundo o Centro Internacional de Lobos, em Ely, Minnesota. Isso contrasta com o total de 1.000 na Itália e até 2.000 na Espanha, e cerca de 50 na Alemanha.


Os lobos mataram 6.666 animais de fazendas, a maioria ovelhas, na França, em 2012, volume acima do total de 5.362 em 2011 e de 4.691 em 2010, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Cerca de metade desses ataques ocorreram na parte sul dos Alpes, onde os lobos italianos apareceram pela primeira vez na França após um hiato de mais de 60 anos.

Jean-Baptiste Scherrer, fazendeiro de 41 anos de idade com 12 porções de terra espalhadas ao redor da cidade de Bar-sur-Aube, no sudeste de Paris, disse que na madrugada do dia 22 de maio recebeu um telefonema de trabalhadores de vinhedos vizinhos que haviam visto suas ovelhas agirem de forma estranha e o que parecia ser um cachorro fugindo. Ele encontrou duas ovelhas mortas e nove feridas.

“Nós não tínhamos nem ideia de que havia lobos nesta área”, disse Scherrer. “Nós só queremos o direito de nos defender”.

Casos de lobos atacando pessoas são quase inexistentes, disse Eric Marboutin, chefe do projeto de grandes predadores do ONCFS, órgão do governo da França que supervisiona a vida selvagem e a caça. Até o momento, a opinião pública apoia os lobos.

Lugar de direito

Em uma pesquisa realizada no dia 1º de outubro pelo Ifop para o grupo de defesa dos animais OneVoice, 76 por cento dos entrevistados concordaram com a afirmação “o lobo tem seu lugar na natureza francesa”. A pesquisa consultou 1.000 pessoas, com uma margem de erro de 1,8 por cento.

Atualmente, os fazendeiros podem atirar em um javali que estiver comendo suas plantações, mas os lobos são protegidos pela Convenção de Berne, que em 1979 estabeleceu que os grandes predadores da Europa são espécies protegidas.

“As pessoas da cidade sonham com os lobos e o campo, mas elas não se dão conta de quanto da extensão do campo é o trabalho de fazendeiros e de práticas agrícolas”, disse Dhuicq. “Tudo isso é colocado em risco pelos lobos”.

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Paris - Os lobos estão nos portões de Paris . Um lobo macho, provavelmente abatido por caçadores, foi encontrado morto no dia 31 de janeiro em Coole, uma cidade 160 quilômetros a leste da capital francesa. Desde maio, os lobos atacaram rebanhos de ovelhas 29 vezes em um conjunto de cidadezinhas cerca de 180 quilômetros a sudeste de Paris.

“São apenas alguns dias de caminhada para um lobo”, disse Maxime Zucca, pesquisadora do Natureparif, um órgão financiado pelo governo que estuda a vida selvagem na Île-de-France, a região que circunda a capital. “Não podemos prever se ou quando eles chegarão à área de Paris, mas é algo para o qual devemos estar preparados”.

Embora os lobos não representem um perigo imediato para os moradores da cidade, eles podem ter se espalhado pelo norte e pelo oeste da França desde que migraram da Itália, em 1992, e em toda parte levaram a debates entre fazendeiros, que dizem que seus rebanhos estão em risco, e ambientalistas, que dão as boas-vindas ao retorno dos míticos predadores. Fazendeiros, apoiados por alguns membros do Parlamento, querem que a França cancele acordos que proíbem a caça de predadores protegidos, como lobos, linces e ursos.

“Os lobos são legais nos Alpes, na Sibéria, em Yellowstone, mas eles são incompatíveis com a agricultura humana”, disse Nicolas Dhuicq, legislador que introduziu um projeto de lei permitindo a caça de lobos, em entrevista, na semana passada. Na oportunidade, ele e agricultores da região de Aube, a sudeste de Paris, estavam reunidos em uma fazenda local para discutir como aumentar o nível de consciência a respeito dos desafios que eles enfrentam em relação aos lobos.

Até seu retorno, nos anos 1990, os últimos lobos da França haviam sido mortos no sudoeste do país, nos anos 1920. Eles têm estado extintos na região de Paris desde a metade do século 19.

Desgraça dos fazendeiros

A França tem atualmente uma população de 250 a 300 lobos e esse número está crescendo, segundo o Centro Internacional de Lobos, em Ely, Minnesota. Isso contrasta com o total de 1.000 na Itália e até 2.000 na Espanha, e cerca de 50 na Alemanha.


Os lobos mataram 6.666 animais de fazendas, a maioria ovelhas, na França, em 2012, volume acima do total de 5.362 em 2011 e de 4.691 em 2010, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Cerca de metade desses ataques ocorreram na parte sul dos Alpes, onde os lobos italianos apareceram pela primeira vez na França após um hiato de mais de 60 anos.

Jean-Baptiste Scherrer, fazendeiro de 41 anos de idade com 12 porções de terra espalhadas ao redor da cidade de Bar-sur-Aube, no sudeste de Paris, disse que na madrugada do dia 22 de maio recebeu um telefonema de trabalhadores de vinhedos vizinhos que haviam visto suas ovelhas agirem de forma estranha e o que parecia ser um cachorro fugindo. Ele encontrou duas ovelhas mortas e nove feridas.

“Nós não tínhamos nem ideia de que havia lobos nesta área”, disse Scherrer. “Nós só queremos o direito de nos defender”.

Casos de lobos atacando pessoas são quase inexistentes, disse Eric Marboutin, chefe do projeto de grandes predadores do ONCFS, órgão do governo da França que supervisiona a vida selvagem e a caça. Até o momento, a opinião pública apoia os lobos.

Lugar de direito

Em uma pesquisa realizada no dia 1º de outubro pelo Ifop para o grupo de defesa dos animais OneVoice, 76 por cento dos entrevistados concordaram com a afirmação “o lobo tem seu lugar na natureza francesa”. A pesquisa consultou 1.000 pessoas, com uma margem de erro de 1,8 por cento.

Atualmente, os fazendeiros podem atirar em um javali que estiver comendo suas plantações, mas os lobos são protegidos pela Convenção de Berne, que em 1979 estabeleceu que os grandes predadores da Europa são espécies protegidas.

“As pessoas da cidade sonham com os lobos e o campo, mas elas não se dão conta de quanto da extensão do campo é o trabalho de fazendeiros e de práticas agrícolas”, disse Dhuicq. “Tudo isso é colocado em risco pelos lobos”.

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