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Líbios relatam "inferno" na cidade de Misrata

Pessoas que foram retiradas de Misrata descreveram a cidade como um inferno, com as forças de Kadafi usando tanques e atiradores contra os moradores

Tanque é incendiado na Líbia: Kadafi ataca civis em Misrata nesta segunda-feira (Patrick Baz/AFP)

Tanque é incendiado na Líbia: Kadafi ataca civis em Misrata nesta segunda-feira (Patrick Baz/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2011 às 16h25.

Sfax, Tunísia/Brefa, Líbia - As forças leais ao líder líbio Muammar Gaddafi estão promovendo um "massacre" na cidade sitiada de Misrata, contaram na segunda-feira líbios que foram retirados do município. A Turquia anunciou que tenta promover um cessar-fogo para pôr fim ao derramamento de sangue.

Com a Líbia mergulhada no caos enquanto as tropas de Kadafi combatem os rebeldes, uma autoridade na vizinha Argélia disse que a Al Qaeda está aproveitando o conflito para adquirir armas, incluindo mísseis terra-ar, e as levando para um reduto no Mali.

Pessoas que foram retiradas de Misrata descreveram a cidade como um inferno, com as forças de Kadafi usando tanques e atiradores contra os moradores, infestando as ruas com corpos e enchendo os hospitais de feridos.

"Você tem de visitar Misrata para ver o massacre do Kadafi", disse o engenheiro Omar Boubaker, de 40 anos, ferido a bala na perna e levado ao porto tunisiano de Sfax por um grupo francês de ajuda humanitária. "Os corpos estão na rua. Os hospitais estão transbordando."

Misrata, a última cidade importante controlada por rebeldes no oeste da Líbia, se rebelou contra Kadafi em meados de fevereiro, junto com outras cidades, e agora está sob ataque das tropas do governo.

"Eu posso viver ou morrer, mas penso na minha família e nos amigos que estão presos no inferno de Misrata", disse aos prantos Abdullah Lacheeb, com ferimentos graves na pélvis e no estômago, e uma ferida a bala na perna.

"Imagine, eles usam tanques contra civis. Ele (Kadafi) está preparado para matar todos lá...Penso na minha família."

O impasse no front do leste da Líbia, as deserções do círculo de Kadafi e o sofrimento dos civis atingidos pelo confronto, ou enfrentando falta de comida e combustível, provocaram uma grande mobilização diplomática para tentar encerrar a guerra civil.


A Turquia anunciou que tenta promover um cessar-fogo e um enviado do governo de Kadafi chegou a Ancara, a partir de Atenas.

"A Turquia continuará a fazer o máximo para acabar com o sofrimento e contribuir no processo de produzir um mapa do caminho que inclua as exigências políticas do povo líbio", disse o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, depois da chegada do vice-ministro das Relações Exteriores Abdelati Obeidi.

A Turquia também está em contato com o Conselho Nacional, da oposição, e espera que seus representantes visitem Ancara "nos próximos dias", disse Davutoglu, numa entrevista coletiva. Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que os dois lados "comunicaram que têm algumas opiniões sobre um possível cessar-fogo".

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