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Líbia celebra aniversário de "libertação" em meio a batalha

No dia 23 de outubro de 2011, três dias após a captura e morte de Muammar Kadhafi, as autoridades de transição proclamaram a "libertação total" do país em Benghazi

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2012 às 13h17.

Tripoli - A Líbia comemora nesta terça-feira o primeiro aniversário do anúncio da "libertação total" do país do regime de Muammar Kadhafi, mas em Bani Walid, acusada de proteger os fieis do ex-ditador, os conflitos prosseguem.

No dia 23 de outubro de 2011, três dias após a captura e morte de Muammar Kadhafi, as autoridades de transição proclamaram a "libertação total" do país em Benghazi (leste), a segunda maior cidade do país e berço da revolta na Líbia.

As autoridades não anunciaram nenhuma programação para celebrar este dia, que foi transformado em feriado na Líbia. Mas manifestações estão previstas em Benghazi e na Praça dos Mártires, em Trípoli.

Desde a manhã, carros decorados com a bandeira nacional, vermelha, verde e preta, circulam nas ruas da capital, canções patrióticas e o hino nacional no volume máximo.

As medidas de segurança foram reforçadas na capital, onde dezenas de postos de controle foram estabelecidos na noite de segunda-feira.

A celebração foi marcada pelos combates violentos em Bani Walid, um dos últimos redutos de Muammar Kaddhfi durante o conflito de 2011, e que ainda é acusada de abrigar partidários do ex-líder, além de procurados pela justiça.

"Desde a declaração oficial do fim das hostilidades, a Líbia tornou-se um país assolado por conflitos entre comunidades", afirmou Claudia Gazzini, analista para a Líbia do International Crisis Group.

Segundo ela, "as autoridades centrais agiram principalmente como espectadores, confiando a segurança a grupos armados (de ex-rebeldes), que são em grande parte autônomos, sob a autoridade do Estado apenas pelo nome", declarou.


Os rebeldes que lutaram contra as forças do antigo regime acreditam que Bani Walid, uma cidade de 100 mil habitantes situada a 185 km ao sudeste de Trípoli, "não foi completamente libertada", e pediram a punição dos criminosos que encontraram refúgio no local.

As autoridades tentaram por diversas vezes acalmar esses "revolucionários", mas depois de muitos incidentes, tiveram que ceder à pressão dos ex-rebeldes organizados em milícias fortemente armadas.

Uma ofensiva em Bani Walid foi assim "legitimada" por uma decisão das autoridades de transição após a morte de um ex-rebelde de Misrata sequestrado em Walid Bani e que morreu pouco depois de sua libertação negociada por Trípoli.

Esta morte tem exacerbado as tensões entre as duas cidades vizinhas que escolheram lados opostos durante o conflito de 2011.

A Assembleia Nacional deu então, no final de setembro, prerrogativas para os ministérios da Defesa e do Interior para prender os autores do sequestro, assim como outros procurados pela justiça.

Desde então, a cidade foi cercada e bombardeada por milícias rebeldes principalmente de Misrata, sob a bandeira do Exército nacional ainda em formação.

Para justificar o ataque, Mohamed al-Megaryef, presidente da Assembleia Nacional, afirmou no sábado que Bani Walid se "tornou um abrigo para um grande número de foras da lei hostis à revolução e até mesmo mercenários".

Ele chegou a dizer que a "libertação do país não foi totalmente implementada em algumas áreas".

Os combates em Bani Walid causaram dezenas de mortos e feridos durante os últimos dias e provocou o êxodo de centenas de famílias.

Essa violência pode inflamar rivalidades regionais e tribais, alertaram alguns observadores que temem uma guerra civil na Líbia.

Os habitantes de Bani Walid acusam "milícias bandidas de Misrata" de querer destruir a cidade e expulsar a população devido a rivalidades históricas, e consideram que as autoridades não têm poder sobre essas milícias.

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