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Laboratório inglês não identifica origem de agente usado contra espião

Chefe do laboratório militar que investiga ataque contra ex-espião disse não conseguir comprovar que substância seja procedente da Rússia

Investigação: a Rússia solicitou uma reunião com a OPAQ para tratar do caso Skripal (REUTERS/Hannah McKay/Reuters)

Investigação: a Rússia solicitou uma reunião com a OPAQ para tratar do caso Skripal (REUTERS/Hannah McKay/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de abril de 2018 às 16h09.

Última atualização em 4 de abril de 2018 às 11h27.

O chefe do laboratório militar britânico de Porton Down, Gary Aitkenhead, afirmou que não foi possível determinar que o agente neurotóxico usado para envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal seja procedente da Rússia.

"Fomos capazes de identificar que se trata de Novichok, de identificar que foi um agente neurotóxico de tipo militar", afirmou em uma entrevista à Sky News nesta terça-feira (3). "Mas não identificamos sua origem exata", acrescentou.

Ele disse ainda que o governo britânico utilizou "várias outras fontes para chegar a suas conclusões", segundo as quais a Rússia seria a responsável pelo ataque, algo que Moscou nega enfaticamente.

 

"Nosso trabalho é proporcionar provas científicas para identificar o agente neurotóxico em questão, mas não é trabalho nosso dizer onde foi produzido", explicou Aitkenhead.

Ele considerou, no entanto, que sua fabricação necessita "de métodos extremamente complexos, algo que apenas um ator estatal tem capacidade para fazer".

O cientista desmentiu, por outro lado, as acusações de Moscou, segundo as quais o agente neurotóxico poderia proceder justamente do laboratório militar britânico. "É totalmente impossível que proceda de nós ou tenha saído de nosso laboratório", enfatizou.

OPAQ é acionada

Diante das acusações de Londres, Moscou solicitou uma reunião à Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) para tratar das alegações britânicas.

"O presidente do Conselho Executivo recebeu um pedido do representante permanente da Rússia para convocar uma reunião extraordinária em relação ao incidente de Salisbury (Inglaterra)", segundo o documento.

Esta reunião, que será realizada nesta quarta-feira, na sede OPAQ em Haia, foi definida por Londres como "tática de distração".

"Essa iniciativa russa é uma nova tática de distração, que visa a dificultar o trabalho da OPAQ", declarou o Ministério das Relações Exteriores, em um comunicado.

O presidente russo Vladimir Putin declarou nesta terça esperar que a reunião da OPAQ ponha um ponto final na questão.

"Causa surpresa a velocidade com que se lançou uma campanha antirrussa" motivada pelo incidente, afirmou Putin, em visita à Turquia. "Espero que isso (a reunião) permita por um ponto final na questão", acrescentou.

Serguei Skripal foi envenenado juntamente com a filha, Yulia, no dia 4 de março em Salisbury com um agente derivado, segundo as autoridades britânicas, de um programa químico do período soviético.

Londres considera que a responsabilidade de Moscou neste caso é a única explicação plausível.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, por sua vez, insinuou na segunda que Londres pode estar por trás do envenenamento, ao afirmar que o caso ajuda o país a criar uma distração para os problemas ao redor do Brexit.

A justiça britânica autorizou em 22 de março a coleta de amostras de sangue dos Skripal, o que deve permitir que a OPAQ realize a própria análise da substância utilizada no envenenamento. Londres afirma que é um agente da família Novichok.

O incidente de Salisbury provocou uma das piores crises diplomáticas entre Moscou e o Ocidente desde a Guerra Fria.

A troca de acusações levou à expulsão recíproca de cerca de 300 diplomatas das partes envolvidas e países aliados.

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