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“Kirchnerismo” não tem credibilidade, diz Macri após reação do mercado

Presidente argentino criticou a oposição representada pelo grupo da ex-presidente Cristina Kirchner, que ganhou as eleições primárias no país

Mauricio Macri: presidente argentino falou sobre reação do mercado à vitória da oposição (Agustin Marcarian/Reuters)

Mauricio Macri: presidente argentino falou sobre reação do mercado à vitória da oposição (Agustin Marcarian/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 18h09.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 13h19.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, criticou nesta segunda-feira, 12, a oposição representada pelo grupo da ex-presidente Cristina Kirchner. Segundo ele, o kirchnerismo "não tem credibilidade no mundo", o que foi mostrado na reação dos mercados ao resultado das primárias do domingo.

"Os votos contra nós representam descontentamento com as medidas dos últimos anos", admitiu Macri, mas também defendendo a necessidade do ajuste conduzido por ele para dar mais condições ao crescimento econômico futuro.

Macri tentou em alguns momentos soar otimista, em entrevista coletiva nesta tarde, dizendo que a eleição de 27 de outubro "será a oportunidade para mostrar que a mudança continua". Houve euforia na sexta-feira nos mercados, com as pesquisas "equivocadas" segundo as quais o governo iria bem, lembrou.

Nesta segunda-feira, porém, a vitória por 15 pontos porcentuais de diferença da chapa encabeçada por Alberto Fernández e com Cristina como vice provocou forte movimento de fuga de ativos do país, com mínimas recordes do peso argentino. "Hoje tivemos um dia muito ruim, estamos mais pobres", comentou.

O presidente disse que orientou sua equipe econômica a adotar medidas para "cuidar dos argentinos", impedindo que o processo eleitoral imponha ainda mais problemas a uma economia já fragilizada. Ao mesmo tempo, argumentou que a reação negativa nos mercados era culpa dos oposicionistas, que não se colocavam como uma opção capaz de atrair a confiança dos mercados, o que provocou alta nos risco-país, queda das ações e do peso.

"O mundo econômico não confia no kirchnerismo", resumiu, pedindo que os oposicionistas convençam de que podem fazer um governo distinto. O presidente argumentou que as condições atuais não permitem grandes gastos no presente, por isso a reação ruim dos mercados.

Macri afirmou que trabalha com sua equipe para que o processo eleitoral ocorra com o mínimo de sobressaltos. Ele disse a repórteres que prepara medidas econômicas com esse fim, mas que não podia detalhá-las naquele momento porque elas não estavam prontas.

"Estamos num processo complexo, que é o da incerteza eleitoral", disse. "Há um voto de descontentamento, de economia muito dura nos últimos três anos", reconheceu, argumentando, porém, que isso seria necessário.

"Fernández tem responsabilidade de tranquilizar a comunidade local e global", disse. Macri criticou o fato de que os opositores colocam em dúvida compromissos já fechados, as Letras de Câmbio (Leliq) ofertadas no mercado e outros fatores.

Com o movimento de forte desvalorização do peso hoje, Macri disse que o processo de queda da inflação irá se reverter. Presidente argentino também afirmou esperar a reversão dos resultados das primárias.

"Confio que vamos reverter esse resultado ruim de ontem e que vamos ter uma eleição mais parelha em outubro que irá permitir que cheguemos ao segundo turno", disse o presidente em uma coletiva de imprensa.

Com 98,7% das urnas apuradas, a coalizão Frente de Todos, de Fernández, conseguiu no domingo 47,7% dos votos, contra 32,1% do Juntos pela Mudança, de Macri, segundo a contagem oficial. Especialistas consideram a diferença irreversível.

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