Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos (Megan Varner /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 13h07.
A campanha da vice-presidente dos EUA e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, arrecadou US$ 1 bilhão desde julho, quando assumiu como cabeça de chapa após o presidente Joe Biden abandonar a corrida presidencial.
Em apenas três meses, o valor supera o montante obtido pelo seu rival, o ex-presidente republicano Donald Trump, desde janeiro de 2023: US$ 894 milhões, apontou um levantamento do jornal britânico Financial Times.
A democrata também recebeu contribuições de mais pessoas. Desde que Kamala entrou na corrida, em 21 de julho, 4,9 milhões de pessoas destinaram recursos para apoiar a campanha, um número três vezes maior do que os 1,37 milhão de doadores republicanos. Logo que lançou sua candidatura, ela chegou a bater recorde de arrecadação, com 600 mil pequenos doadores destinando fundos nos dois primeiros dias.
Trump, por outro lado, tem se apoiado em super doadores, como o bilionário Elon Musk. Quase o dobro das doações recebidas pelo republicano foram de apoiadores que destinaram US$ 1 milhão ou mais para os comitês do partido, cerca de US$ 514 milhões, em comparação com os US$ 260 milhões obtidos de doadores que destinaram US$ 200 ou menos, segundo registros da Comissão Eleitoral Federal analisados pela Bloomberg.
Os números indicam que a lógica da campanha de Trump mudou. Se no passado ele foi o político que mais arrecadou quantias de pequenos doadores da História, em 2024 são os super-ricos que impulsionam os seus esforços à Casa Branca.
Em comparação com Kamala, que arrecadou US$ 321 milhões de doadores que destinaram menos de US$ 200 à sua campanha, Trump recebeu cerca de um terço disso dos seus pequenos doadores.
Isso torna os democratas menos dependentes de bilionários do que os republicanos: até o final de setembro, a campanha democrata (incluindo o período antes de Biden deixar a disputa) acumulou 5,7 milhões de doadores no total — mais do que Biden obteve em 2020.
Um dos obstáculos para a arrecadação de fundos na campanha republicana este ano, se comparado com as eleições anteriores, foram as recentes mudanças nas regras de segmentação de anúncios políticos da Meta, dona de redes sociais como Facebook e Instagram. Agora, políticos não podem mais segmentar anúncios apelando por doações para seus seguidores ou de acordo com a orientação política do usuário, tornando mais difícil a prospecção de contribuintes.
Além dos grandes, médios e pequenos doadores, as campanhas também contam com a ajuda dos chamados super PACs, que são os grupos de apoiadores que destinam recursos aos candidatos. Trump, inclusive, tem contado com o apoio dos super PACs em seus esforços de propaganda. Juntos, quatro desses grupos arrecadaram US$ 337 milhões no último trimestre, mais do que os US$ 218 milhões arrecadados por super PACs que apoiam Kamala.
Os grandes cheques que apoiam Kamala vêm, em grande parte, de doadores que não querem que suas identidades sejam conhecidas. O Future Forward, principal super PAC que a apoia, arrecadou US$ 104 milhões em setembro, sendo que US$ 40 milhões vieram da organização sem fins lucrativos, a Future Forward USA Action, que não divulga os nomes de seus doadores.
A vantagem na arrecadação de fundos colocam Kamala nesta reta final com US$ 63 milhões a mais de caixa do que Trump, quantia que pode ser essencial para atrair votos nos sete estados decisivos na corrida eleitoral, empatada até este momento. Por isso, a democrata também tem gastado bem mais que o republicano: foram US$ 826 milhões investidos por ela no último trimestre, contra US$ 340 milhões de Trump.