Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (Brendan McDermid-Pool/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 15 de março de 2024 às 14h02.
A Justiça da Geórgia determinou mudanças nesta sexta-feira, 15, na Promotoria que acusa o ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores de interferir nas eleições presidenciais de 2020.
O juiz que supervisiona o processo, Scott McAfee, decidiu que a promotora Fani Willis não pode continuar no caso se o promotor principal Nathan Wade, com o qual ela teve um relacionamento amoroso, não se retirar do cargo. A decisão, da qual cabe recurso, deve atrasar o julgamento, tornando improvável uma data antes da eleição presidencial deste ano.
De acordo com a decisão, o relacionamento dos dois promotores equivale a um conflito de interesses, conforme os advogados de defesa alegaram. Fani Willis é promotora distrital do caso, e a sua remoção era pedida pela defesa. A decisão é um revés para Trump, ao permitir que a promotora, que acompanha o caso há mais de três anos, prossiga com o trabalho.
Willis e Wade testemunharam em uma audiência no mês passado que haviam se envolvido em um relacionamento amoroso, mas rejeitaram a ideia de que Willis se beneficiou indevidamente disso, como alegaram os advogados de Trump.
Segundo o juiz, não havia provas suficientes de que Willis tivesse uma participação pessoal na acusação, mas disse que a descoberta "não é de forma alguma uma indicação de que a Corte tolera esse tremendo lapso no julgamento ou a maneira pouco profissional do depoimento do promotor distrital durante a audiência de instrução".
O juiz disse acreditar que "a lei da Geórgia não permite a constatação de um conflito real por simplesmente fazer escolhas erradas, mesmo repetidamente, e é dever do tribunal de julgamento limitar-se às questões relevantes e à lei aplicável devidamente trazida a ele".
Os advogados de Trump podem recorrer a decisão do juiz, assim como a promotora, e atrasar ainda mais o processo. O Senado do Estado, liderado pelos republicanos, também revisa as acusações de conflito de interesse. Os senadores autorizaram uma nova comissão de supervisão para investigar e potencialmente remover promotores.
Um dos principais argumentos da defesa de Trump foi que Willis tem interesse financeiro em estender o caso, já que o promotor estava sendo pago.
Willis insistiu que o relacionamento começou em 2022 e durou menos de um ano, sem criar nenhum conflito de interesse financeiro ou pessoal que justifique a saída dela do caso. Tanto ela quanto Wade alegaram na Justiça que as despesas de saídas e viagens foram pagas com dinheiro próprio.
McAfee rejeitou a tese da defesa e aceitou a apresentada pela promotora. "A promotora não agiu de forma alguma em conformidade com a teoria de que ela arranjou um esquema financeiro para enriquecer", escreveu o juiz.