Juízes do caso Pussy Riot dizem que Putin não pressionou
"Ninguém nos pressionou", afirmou a juíza Larisa Poliakova em uma entrevista coletiva
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2012 às 11h41.
Moscou - A juíza do Tribunal Municipal de Moscou Larisa Poliakova, que manteve presa duas das três integrantes do grupo punk Pussy Riot, declarou nesta quinta-feira que não recebeu nenhum tipo de pressão por parte das autoridades do país.
"Ninguém nos pressionou", afirmou Larisa em uma entrevista coletiva que foi convocada logo após a audiência do recurso contra a sentença de dois anos de prisão às três integrantes do Pussy Riot, as quais são acusadas de "vandalismo motivado por ódio religioso".
Durante a audiência do recurso, Mark Feiguín, o advogado das duas mulheres que deverão cumprir a condenação íntegra - Nadezhda Tolokonnikova e María Aliojina -, pediu à juíza que avalie as pressões exercidas sobre a Justiça pelo presidente, Vladimir Putin .
Neste aspecto, no último domingo, o líder russo assegurou: "Na realidade, concordo que tenham sido presas e com a decisão que foi tomada pelo tribunal, já que não se pode fazer cambalear as bases da moral, nem destruir o país (...). Elas tiveram o que queriam".
"Temos ouvido as declarações (de Putin), mas essa decisão quem toma somos nós mesmos", declarou a juíza, que acrescentou estar "segura da resolução ditada" contra as três mulheres que protestaram contra Putin no principal templo da Igreja Ortodoxa Russa.
Outro juiz que tomou parte na deliberação do recurso, Yuri Pasiunin, apontou que soube do que Putin tinha dito durante a declaração das partes.
"Sinceramente, eu não entrei na internet para escutar o que disse Putin. Me inteirei durante as declarações das partes no julgamento", declarou o magistrado.
Pasiunin também explicou os argumentos que resultaram na libertação da terceira integrante do Pussy Riot, Yekaterina Samutsevich, que teve sua pena de dois anos de prisão substituída por uma condicional.
"Yekaterina, da mesma forma que as demais, pôs o gorro, tocou guitarra, enfrentou os guardas de segurança (...). As outras já tinham começado a gritar, a fazer escândalo e a expressar suas emoções. Yekaterina simplesmente não teve deu tempo de gritar, já que tinham tirado ela do templo", explicou o juiz.
Ao mesmo tempo, a juíza Larisa Poliakova negou que a mudança de advogados por parte da ativista libertada tenha influído na decisão dos juízes.
Segundo os magistrados do julgamento de cassação, as outras integrantes presas poderiam ter sido condenadas a sete anos de prisão se não fosse por causa de sua maternidade.
"A maternidade de Nadezhda Tolokonnikova e María Aliojina foi levada em conta como atenuante pelo julgado de primeira instância, mas, ao computar todas as circunstâncias dos fatos, a juíza (de primeira instância) estimou que sua reinserção só seria possível em condições de isolamento", completou Larisa.