Juiz dos EUA decide que gif foi usado como arma letal
O que leva os crimes cibernéticos a um novo nível
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2017 às 12h53.
Sentado frente ao computador, um jornalista norte-americano sofre um ataque epilético logo após acessar sua conta do Twitter. Na cena, além da vítima, a arma do crime: um tweet com uma imagem em formato GIF.
A decisão de um juiz de Dallas, capital do Texas, colocou pela primeira vez as imagens animadas na categoria ocupada por armas de fogo. E transformou uma “brincadeira” de internet em tentativa de homicídio.
Kurt Eichenwald, que trabalha para a revista Newsweek, sofre de epilepsia. A doença faz com que um simples contato visual com imagens muito coloridas, que piscam com frequência, ou uma sequência rápida de quadros repetidos, desencadeie perturbações profundas nas células nervosas – o que pode provocar convulsões e desmaios.
A imagem que o jornalista recebeu em dezembro do ano passado tinha exatamente essas características, além dos dizeres “You deserve a seizure” (Você merece ter uma convulsão, em inglês).
Por ter conhecimento da doença, John Rayne Rivello foi denunciado por lesão corporal, com porte de arma letal. Rivello teria inclusive, de acordo com a NBC News, compartilhado suas intenções por mensagem pessoal a outros usuários. Sob o nome fake de Ari Goldstein (@jew_goldstein, já suspensa), disse “Espero que isso cause um ataque nele” e “Enviei isso como spam para ele. Vamos ver se ele morre”.
Além do trágico episódio, o jornalista é constantemente alvo de ataque de trolls na internet. Neste post, Eichenwald revela as mensagens e ameaças que vem recebendo por ter criticado Trump, citando referências xenófobas a sua ascendência judia.
Em 2008, um ataque coletivo de hackers anônimos trocou o conteúdo do site de uma fundação para o tratamento de epilepsia. As imagens fotossensíveis geraram um surto de ataques nos EUA. É a primeira vez, no entanto, que o ataque é direcionado a uma única pessoa, sendo enquadrado como crime cibernético.
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.