Jordânia anuncia que cancelará parte de acordo de paz com Israel
Sob o acordo de paz, a Jordânia concordou em garantir a fazendeiros israelenses e autoridades militares livre acesso a área disputada
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de outubro de 2018 às 15h54.
Última atualização em 21 de outubro de 2018 às 15h54.
Amã - O Rei da Jordânia, Abdullah II, afirmou neste domingo que decidiu renovar parte do acordo de paz de seu país com Israel. Abdullah divulgou um comunicado afirmando que tem a intenção de abandonar um dos dois anexos do acordo de paz de 1994 que permitiu a Israel o arrendamento dos territórios de Baqura e Al-Ghamr por 25 anos. O arrendamento expira no ano que vem e o prazo para renovação é quinta-feira.
Os territórios foram ocupados por fazendeiros judeus no início do século passado mas depois se tornaram parte da Jordânia, depois que o reino conquistou independência em 1946. Baqura foi capturada por Israel em 1950. Ghamr foi tomada em 1967.
Sob o acordo de paz, a Jordânia concordou em garantir a fazendeiros israelenses e autoridades militares livre acesso a área.
Abdullah afirmou que informou Israel sobre sua decisão. "Estamos praticando nossa soberania sobre nossa terra", disse. "Nossa prioridade nessas circunstâncias regionais é proteger nossos interesses e fazer tudo o que for preciso pela Jordânia e pelos jordanianos".
O primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu disse no domingo que a "Jordânia se reserva o direito de receber o território" mas afirmou que esperava iniciar negociações sobre a "possibilidade de estender o acordo existente".
Netanyahu afirmou ainda que o "acordo como um todo é importante" e chamou os acordos de paz com a Jordânia e o Egito de "âncoras regionais de estabilidade". Ele afirmou durante evento em memória ao ex-primeiro ministro Yitzhak Rabin, que assinou o acordo de paz com a Jordânia.
O ex-embaixador de Israel na Jordânia, Oded Eran, afirmou que não foi surpreendido pela decisão da Jordânia e afirmou que ainda há tempo para que os dois países renegociem o acordo. Ele descartou a possibilidade de que a Jordânia cancele outras partes do tratado de paz.
"Para seus próprios interesses, a continuação da aderência ao tratado de paz é do interesse da Jordânia assim como é do interesse de Israel", afirmou Eran.
Tensões entre Israel e a Jordânia aumentaram nos últimos meses diante de temas como a contestação do status de Jerusalém e seus locais considerados sagrados, a estagnação de conversas de paz no Oriente Médio e o tiroteio contra dois cidadãos jordanianos por um guarda da embaixada israelense em Amã.