Mundo

J&J vai atrasar doses da Europa após debate sobre coágulos nos EUA

A farmacêutica anunciou hoje que vai retardar o envio de doses prometidas aos países da Europa. A FDA, reguladora americana, paralisou a aplicação federal da J&J enquanto estuda possíveis efeitos colaterais

Vacina da J&J contra covid-19: empresa vai atrasar envio de doses à Europa (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Vacina da J&J contra covid-19: empresa vai atrasar envio de doses à Europa (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2021 às 12h50.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 13h14.

A Johnson & Johnson anunciou nesta terça-feira, 13, que vai retardar o envio de doses de sua vacina contra o coronavírus à Europa. O anúncio vem horas depois de a FDA, reguladora americana, paralisar temporariamente a aplicação do imunizante enquanto estuda potenciais riscos de surgimento de coágulos nos vacinados.

Os coágulos potencialmente associados à vacina apareceram em uma taxa de seis a cada 7 milhões de doses aplicadas nos EUA, uma taxa muitíssimo baixa, segundo os especialistas.

A decisão de atrasar o envio das doses não foi tomada por pedido dos europeus, mas pela própria empresa. "Tomamos a decisão de adiar proativamente a entrega de nossa vacina na Europa", afirmou a J&J, acrescentando que está analisando os casos com as autoridades de saúde europeias.

Um oficial da Comissão Europeia disse à Reuters que a pausa no envio das doses é "completamente inesperada" e afirmou em comunicado que vai buscar esclarecimentos junto à J&J.

Em uma reunião na sexta-feira, a J&J havia confirmado à União Europeia que entregaria 55 milhões de doses até o fim de junho. A vacinação na UE está mais lenta do que o previsto, em meio sobretudo ao atraso no envio de doses da AstraZeneca, que anunciou em março que enviaria menos vacinas do que o contratado pelos europeus em meio a problemas na produção.

Paralisação da J&J nos EUA

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA realizarão uma reunião consultiva na quarta-feira para analisar os casos de coágulos.

Todos os seis casos eram em mulheres com idades entre 18 e 48 anos. Uma mulher morreu e uma segunda em Nebraska foi hospitalizada em estado crítico, relatou o New York Times, citando autoridades.

Questão parecida foi identificada na vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford, o que fez alguns países da União Europeia passarem a recomendar a vacina apenas para idosos -- os coágulos se mostraram mais comuns, embora ainda muito raros, em mulheres mais jovens.

O coordenador da resposta à covid-19 na Casa Branca, Jeff Zient, disse que a pausa nos EUA não terá impacto significativo no programa de vacinação dos EUA. A vacina da J&J representa menos de 5% das doses aplicadas nos EUA até agora, segundo os órgãos oficiais.

A vacinação nos EUA, que já chegou a mais de um terço da população e é uma das mais avançadas do mundo, começou sobretudo com as vacinas das americanas Pfizer e Moderna.

Foram administradas mais de 6,8 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos, segundo as autoridades, das quase 190 milhões de doses aplicadas no país.

À Reuters, o Dr. Amesh Adalja, do centro de segurança em saúde da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, disse que o risco ainda é "muito baixo". "Seis casos em cerca de 7 milhões de doses (mais baixo do que o risco de coágulos com anticoncepcionais orais) não é algo para se entrar em pânico", disse.

(Johns Hopkins University, compilados pelo Our World In Data/Adaptado)

As autoridades de saúde e agências reguladoras têm recomendado que, sobretudo para os países onde não há outras vacinas disponíveis, os benefícios da imunização -- que previne casos graves de covid-19 -- superam os potenciais riscos raros da vacinas.

Com as novas variantes do coronavírus, o número de casos e mortes voltou a subir no mundo, passando de 80.000 mortes por semana. No entanto, os países que avançaram na vacinação não têm registrado altas bruscas em mortes, ainda que haja aumento de casos.


Ouça o último episódio do podcast EXAME Política

 

Acompanhe tudo sobre:AstraZenecaEstados Unidos (EUA)FDAJohnson & JohnsonUnião Europeiavacina contra coronavírus

Mais de Mundo

Eleições EUA: Quem foi o presidente mais velho dos EUA

Coreia do Norte lança vários mísseis de curto alcance no Mar do Japão

Sindicato da Boeing aceita acordo e anuncia fim de greve de sete semanas

Inteligência dos EUA diz que infraestrutura eleitoral do país "nunca esteve tão segura"