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Jihadistas avançam rumo a Bagdá e ONU denuncia execuções

Jihadistas avançavam em três frentes em direção à Bagdá, após reforçar presença em territórios durante ofensiva marcada por execuções sumárias, segundo a ONU

Jihadistas que teriam tomado base do Exército iraquiano: EUA analisam intervenção (AFP)

Jihadistas que teriam tomado base do Exército iraquiano: EUA analisam intervenção (AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 09h39.

Bagdá - Os jihadistas avançavam nesta sexta-feira em três frentes em direção à Bagdá, após reforçar sua presença nos territórios conquistados durante uma ofensiva relâmpago marcada, segundo a ONU, por execuções sumárias, e que obrigou os Estados Unidos a analisar uma possível intervenção.

Frente ao avanço, o aiatolá Ali Al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque, pediu nesta sexta-feira que todos peguem em armas contra os combatentes do grupo radical sunita do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL).

Já o governo começou a aplicar um plano de segurança para defender Bagdá, e que prevê uma grande mobilização das forças de segurança e um reforço dos serviços de inteligência, e convocou os civis a ajudar a proteger a capital.

Presentes a menos de 100 km da capital, os jihadistas avançam em direção a Bagdá por ruas quase desertas e comércio fechado, a partir da província de Al-Anbar, a oeste, de Saladino, ao norte, e de Dijalah, a leste.

Com a retirada em massa das forças armadas, os milhares de jihadistas tomaram, na terça-feira, Mossul, a segunda maior cidade do país, e sua província de Nínive (norte), Tikrit e outras regiões da província de Sladino, setores das províncias de Dijalah (leste) e Kirkuk (norte). Desde janeiro eles já controlam Fallujah, 60 km a oeste de Bagdá.

Após a entrada dos rebeldes em Dijalah, o Exército tentava impedir seu avanço até Baquba, a 60 km de Bagdá, segundo as autoridades.

Outras testemunhas relataram a chegada de reforços rebeldes nos arredores de Samarra (110 km ao norte de Bagdá), cidade natal de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do EIIL.

"Todas as opções"

Inspirado pela rede Al-Qaeda, o EIIL, que atua na fronteira entre o Iraque e a Síria e ambiciona a criação de um Estado islâmico, é acusado de abusos, incluindo sequestros e execuções, na Síria vizinha, país em guerra entre rebeldes e regime.

Neste sentido, a alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, expressou sua "grande grande preocupação" com "informações sobre execuções sumárias e extrajudiciais (...) e o deslocamento em massa de meio milhão de pessoas" apos a ofensiva jihadista.

A ONU recebeu informações, segundo as quais "soldados iraquianos foram sumariamente executados durante a tomada de Mossul, bem como 17 civis que trabalhavam para a polícia em uma rua da cidade em 11 de junho".

Frente a impotência do governo dominado por xiitas e de seu Exército de parar os avanços do EIIL, o presidente americano, Barack Obama, afirmou na quinta-feira que sua equipe estuda todas as opções frente à onda de violência no Iraque.

Uma autoridade americana também disse à AFP que os Estados Unidos consideram várias opções, entre elas um ataque aéreo com aviões não tripulados ("drones"), mas que se descarta até o momento o envio de tropas para um ataque terrestre.

O secretário de Estado americano John Kerry, por sua vez, afirou que os dirigentes iraquianos de todas as confissões e etnias deveriam considerar o avanço jihadistas como um aviso.

"Este é o momento em que os dirigentes devem demonstrar unidade", afirmou Kerry. "As divisões políticas alimentadas por diferenças étnicas ou sectárias não podem roubar dos iraquianos o muito que tantos sacrificaram nos últimos anos".

Já o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, admitiu que as forças de segurança "afundaram" em Mossul, enquanto o Exército se vê minado, assim como o governo, pelas divergências religiosas, e seus membros, principalmente oficiais, são acusados de corrupção.

No poder desde 2006, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita detestado pelos rebeldes sunitas e denunciado como um ditador por seus críticos, chamou as tribos a "formar unidades voluntárias" para ajudar as forças de segurança.

Sequestros e fugas

Além disso, o EIIL tem o apoio de tribos contrárias ao governo e é bem visto por parte da minoria sunita, que se sente marginalizada pelo poder xiita.

Enquanto um dos líderes do EIIL, Abu Mohammed al-Adnani, chamou seus seguidores a "marchar em Bagdá", os habitantes da capital temem um ataque deste grupo, um dos "mais perigoso do mundo", segundo Washington.

Empresas americanas que trabalham para o governo iraquiano no setor de defesa evacuaram seus empregados americanos da base aérea de Balad, na província de Dijalah, enquanto em Mossul, jihadistas continuam a manter cinquenta cidadãos turcos tomados como reféns no consulado, bem como 31 motoristas turcos.

Temendo por suas vidas, cerca de meio milhão de habitantes de Mossul fugiram de suas casas no início desta semana.

Cerca de 40.000 pessoas fugiram dos combates em Tikrit e Samarra, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que prevê uma longa crise humanitária no Iraque.

Neste contexto, o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, o cardeal Leonardo Sandri, manifestou nesta sexta-feira a sua "profunda preocupação" com o avanço dos jihadistas no Iraque e anunciou que as estruturas da Igreja Católica no país estão abertas a todos os deslocados.

Em um comunicado, o cardeal argentino expressa o apoio do Papa Francisco ao povo iraquiano e sua "proximidade" com o patriarca caldeu Louis Sako e aos bispos caldeu e sirocatólico de Mossul (norte).

Em uma conversa por telefone, o arcebispo caldeu de Mossul, Amel Shamon Nona, disse ao cardeal Sandri que "as igrejas, escolas e outras estruturas católicas estão abertas para os refugiados, no espírito de colaboração entre os seguidores de diferentes religiões".

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