(Jonathan Ernst/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de abril de 2021 às 13h57.
Última atualização em 5 de abril de 2021 às 15h09.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta segunda-feira que está trabalhando com os países do G20 para chegar a um acordo sobre uma alíquota mínima global de imposto para grandes corporações, com o objetivo de encerrar uma "guerra fiscal de 30 anos nas alíquotas de imposto corporativo".
O imposto mínimo global é um pilar fundamental do megaplano de gastos de infraestrutura apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no valor de 2 trilhões de dólares, o qual prevê aumento na alíquota de imposto corporativo dos EUA dos atuais 21% para 28%. A carga tributária corporativa havia sido cortada de 38% para os atuais 21% pelo governo Donald Trump em 2017.
O objetivo de Yellen é competitivo. Sem um imposto mínimo global, os Estados Unidos estariam novamente em desvantagem ante uma série de outras grandes economias em termos de alíquotas mais baixas de impostos, dizem especialistas tributários.
Em comentários hoje ao Conselho de Chicago para Assuntos Globais, Yellen disse que também aproveitará sua participação nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial nesta semana para avançar em discussões sobre mudança climática, melhorar o acesso às vacinas e encorajar os países a apoiar uma recuperação global forte.
Defensora de mais gastos governamentais durante a pandemia (antes do plano de infraestrutura, os Estados Unidos já passaram um pacote de 1,9 trilhão de dólares no governo Biden), Yellen disse ser importante garantir que os governos tenham sistemas tributários capazes de investir em "bens públicos essenciais" para responder a crises.
Separadamente, um funcionário do Tesouro americano disse a repórteres que é importante ter as maiores economias do mundo em acordo sobre um imposto mínimo global para torná-lo real.
O funcionário disse que os Estados Unidos usarão sua própria legislação tributária para evitar que as empresas transfiram lucros ou mudem suas sedes para paraísos fiscais e incentivarão outras grandes economias a fazer o mesmo.
Também nesta segunda-feira, Biden defendeu seu plano de aumentar impostos e disse a jornalistas que "não há evidências" de que a carga tributária mais alta levaria empresas a sair dos Estados Unidos.
Em sua fala nesta segunda-feira, Yellen disse também que, embora os países ricos tenham apoiado com sucesso suas economias durante a pandemia de covid-19, ainda é muito cedo para declarar vitória.
A secretária pediu aos países aliados que "continuem com um forte esforço fiscal e evitem retirar o apoio [às economias] cedo demais". Países ricos gastaram bilhões de dólares em pacotes econômicos durante a pandemia, algo que mesmo economistas ortodoxos e os agentes do mercado financeiro nos Estados Unidos e na Europa têm apoiado diante da crise.
Yellen disse também no discurso de hoje que é necessário mais apoio para nações de baixa renda terem acesso às vacinas. Os EUA, no entanto, já vacinaram mais de um terço da população e têm sido pressionados a oferecer parte de seu estoque de vacinas da AstraZeneca (que não estão sendo usadas no país) a nações mais pobres, incluindo o Brasil.
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