Mundo

Itália quer endurecer sua legislação contra barriga de aluguel

Projeto de Lei quer processar a ação não apenas no país mas também no exterior se for realizado por italianos

Itália: centenas de pessoas protestaram contra a medida apoiada por Giorgia Meloni (Simona Granati/Getty Images)

Itália: centenas de pessoas protestaram contra a medida apoiada por Giorgia Meloni (Simona Granati/Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 26 de julho de 2023 às 17h26.

Última atualização em 26 de julho de 2023 às 17h35.

Os deputados italianos discutem, nesta quarta-feira, 26, um projeto de lei que deve ser aprovado à tarde e que busca reforçar a proibição da barriga de aluguel (GPA), tornando-a ilegal mesmo quando for realizada no exterior, medida criticada pela comunidade LGBTQIA+.

O projeto de lei, apresentado pelo Fratelli d'Italia (FDI), partido de extrema direita da chefe de governo Giorgia Meloni, retoma uma lei de 2004 que proíbe a barriga de aluguel na península, mas quer ir além e considerá-la um crime que pode ser processado pela Justiça italiana, mesmo que seja realizado no exterior.

Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente

A Itália tem uma das leis mais restritivas da Europa contra a barriga de aluguel e atualmente prevê que quem "executar, organizar ou divulgar" barriga de aluguel no país pode pegar uma pena de prisão de três meses a dois anos e multa que varia entre € 600 mil e € 1 milhão (R$ 3,1 milhões e R$ 5,2 milhões, na cotação atual).

Segundo a imprensa, grande parte das pessoas que recorrem à prática no exterior são casais heterossexuais que não podem ter filhos.

No entanto, o novo projeto de lei preocupa os ativistas LGBTQIA+, que alertam para o perigo aos direitos civis representado pelo governo Meloni, que enfatizou os valores tradicionais católicos.

Críticas

Na terça-feira, 25, centenas de pessoas protestaram contra o projeto de lei do lado de fora do Panteão, no centro de Roma.

"Em vez de se ocupar com o clima (...), incêndios, problemas graves (...), o governo se ocupa com essas coisas que dizem respeito a pouca gente", disse Mario Colmarino, de 32 anos, homossexual e que denuncia a "homofobia do Estado" .

As uniões civis são permitidas na Itália desde 2016, mas casais homoafetivos não podem se casar ou adotar.

A reprodução assistida, na qual é usado um óvulo ou espermatozoide doado, é legal para casais heterossexuais, mas não para casais homoafetivos ou mulheres solteiras.

Até agora, os italianos que podiam pagar viajavam para países onde a barriga de aluguel é permitida, como os Estados Unidos. Mas essa questão faz parte de um problema maior na Itália, já que o país não tem lei para reconhecer os filhos de casais homoafetivos.

Com isso, essas crianças ficam em um limbo jurídico, com apenas o pai biológico registrado em sua certidão de nascimento, obrigando o outro a realizar um processo de adoção longo e caro.

Acompanhe tudo sobre:LGBTItália

Mais de Mundo

Trump afirma que declarará cartéis de drogas como organizações terroristas

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia