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Israel não cumpriu prazo dos EUA para aumentar ajuda em Gaza, diz agência da ONU

Pouco antes do limite imposto por Washington expirar, autoridades israelenses anunciaram abertura de novo ponto de passagem de ajuda humanitária; órgão das Nações Unidas, porém, relata menor entrada de suprimentos no enclave em um ano

Palestinos verificam os danos em uma casa atingida por bombardeios israelenses em Zawayda, na região central da Faixa de Gaza, em 7 de julho de 2024. Israel realizou ataques aéreos mortais na Faixa de Gaza em 7 de julho, enquanto a guerra entre Israel e o movimento Hamas entrou em seu décimo mês, com combates intensos em todo o território palestino e novos esforços diplomáticos em andamento para conter a violência. (Foto de Eyad BABA / AFP) (Eyad Baba/AFP)

Palestinos verificam os danos em uma casa atingida por bombardeios israelenses em Zawayda, na região central da Faixa de Gaza, em 7 de julho de 2024. Israel realizou ataques aéreos mortais na Faixa de Gaza em 7 de julho, enquanto a guerra entre Israel e o movimento Hamas entrou em seu décimo mês, com combates intensos em todo o território palestino e novos esforços diplomáticos em andamento para conter a violência. (Foto de Eyad BABA / AFP) (Eyad Baba/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 12 de novembro de 2024 às 13h56.

Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 13h58.

A principal agência de ajuda das Nações Unidas para refugiados palestinos na Faixa de Gaza (UNRWA, na sigla em inglês) afirmou nesta terça-feira que Israel não cumpriu o prazo dado pelos Estados Unidos para aumentar a entrada de ajuda no enclave. Em 13 de outubro, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos EUA, Antony Blinken e Lloyd Austin, respectivamente, enviaram uma carta ao Estado judeu com uma série de exigências destinadas a facilitar o aumento da ajuda humanitária no território, dando a Israel um prazo de 30 dias para responder. Caso contrário, Washington ameaçou suspender parte da assistência militar ao país

O prazo expirou nesta terça-feira — e, segundo a ONU, a quantidade de ajuda que entrou em Gaza nesse período esteve no nível mais baixo em um ano. De acordo com a BBC, um relatório apoiado pelas Nações Unidas alertou recentemente para a fome iminente no norte do enclave, onde quase nenhuma ajuda entrou no último mês. A chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherine Russell, declarou no início deste mês que toda a população palestina no norte de Gaza está em “risco iminente” de morte por doenças, fome ou pelos “bombardeios contínuos” do Exército de Israel.

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Nesta terça-feira, pouco antes do prazo limite imposto pelos EUA expirar, o Exército israelense anunciou a abertura de um novo ponto de passagem para ajuda humanitária no enclave. Em comunicado das Forças Armadas, em conjunto com o COGAT, órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável pelos assuntos civis nos territórios palestinos, foi informado que a medida representa “parte do esforço e do compromisso de aumentar o volume e as vias de ajuda à Faixa de Gaza”.

A iniciativa era esperada pelo menos desde quinta-feira passada, quando o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, anunciou que Israel abriria “nos próximos dias” o ponto de acesso.

Apesar disso, na carta de 13 de outubro, Blinken disse que as autoridades israelenses precisavam permitir a entrada de no mínimo 350 caminhões por dia em Gaza, todos os dias, até 12 de novembro. Segundo Louise Wateridge, coordenadora de emergências da UNRWA, porém, a média de outubro foi de 37 caminhões por dia para toda a Faixa de Gaza.

Quando questionada pela BBC se Israel fez o suficiente desde o ultimato dos EUA para atender às exigências americanas, ela disse de forma direta: “Não”.

"Não há ajuda o suficiente aqui. Não há suprimentos suficientes. As pessoas estão morrendo de fome em algumas áreas. As pessoas estão com muita fome, elas brigam por sacos de farinha", disse Wateridge à rede britânica. "A média de outubro foi de 37 caminhões por dia para toda a Faixa de Gaza. Trinta e sete caminhões por dia para uma população de 2,2 milhões de pessoas que precisam de absolutamente tudo. Não é suficiente, nunca será suficiente".

Israel afirma, sem provas, que aumentou a quantidade de ajuda destinada ao enclave — e acusa as agências de ajuda de não distribuí-la adequadamente, algo que as organizações negam.

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Crise em larga escala

Em setembro, o Relatório Global sobre Crises Alimentares revelou que mais de 50 mil crianças precisavam de tratamento imediato para desnutrição aguda, e que o risco de uma crise nutricional em larga escala em Gaza era alto. Em junho, uma análise da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC) indicou que mais da metade das famílias do enclave palestino trocaram roupas por comida desde que a guerra começou, e que um terço passou a recolher itens no lixo para vender. Mais de 20% da população passou dias e noites inteiros sem se alimentar.

Mesmo as ações de ajuda humanitária são insuficientes: prejudicado pelas estradas danificadas, repetidas ordens de deslocamento e pelo número limitado de passagens de fronteira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) teve de reduzir o conteúdo dos pacotes entregues em Gaza. Ainda em dezembro de 2023, a Human Rights Watch (HRW) afirmou que o governo israelense estava usando a fome de civis como método de guerra no enclave, com as forças do Estado judeu deliberadamente bloqueando a entrega de água, alimentos e combustível – ao mesmo tempo em que impediam a assistência humanitária.

Em outubro, um novo relatório do IPC destacou que 86% da população da Faixa de Gaza enfrenta fome em nível de crise ou pior. São mais de 1,8 milhão de pessoas vivendo nessa situação. De acordo com a escala global IPC, uma região é considerada em situação de fome quando três coisas ocorrem: 20% das famílias têm extrema falta de alimentos; pelo menos 30% das crianças sofrem de desnutrição aguda ou emaciação (perda da massa muscular); e dois adultos ou quatro crianças a cada 10 mil pessoas morrem diariamente de fome.

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