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Israel e Irã podem ficar sem munição? Veja como esse risco pode afetar os rumos do conflito

Países trocam ataques aéreos de forma contínua desde sexta-feira, contra cidades como Teerã e Tel-Aviv

Teste de mísseis do Irã, em imagem de arquivo (Getty Images)

Teste de mísseis do Irã, em imagem de arquivo (Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de internacional e economia

Publicado em 18 de junho de 2025 às 12h48.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 14h05.

Há seis dias, Israel e Irã trocam disparos de mísseis e de outros armamentos, em ações que deixaram centenas de mortos. Ainda não há fim à vista para o conflito, mas a duração dos ataques depende de uma questão prática: até quando vão durar os estoques de armas dos dois lados?

Em seus ataques a Israel, o Irã tem disparado dezenas de mísseis por vez. A tática é usada para tentar vencer os sistemas de defesa aérea de Israel, como o Domo de Ferro, capazes de abater mísseis no ar. No entanto, quanto mais mísseis, maior a chance de que o sistema não dê conta de barrar todos e que parte deles consiga atingir os alvos.

Além disso, Israel tem feito ataques contra locais de armazenamento de mísseis e lançadores no Irã, o que ajuda a reduzir a capacidade militar do país. "Israel está queimando a vela pelas duas pontas", disse Scott Benedict, general aposentado do corpo de fuzileiros navais dos EUA e associado do think tank Middle East Institute, durante entrevista coletiva. Ou seja: reduz o estoque de mísseis do Irã tanto ao estimular disparos quanto ao destruir estoques.

O Irã teria cerca de 3.000 mísseis em seu arsenal, de acordo com estimativas israelenses e americanas feitas em 2023. No entanto, só metade deles seria de médio e longo alcance, capazes de atingir Israel, que fica a 950 km do Irã.

Os iranianos teriam usado 320 mísseis em ataques contra Israel no ano passado, segundo o Exército israelense, e mais 380 nos primeiros cinco dias de conflito. Assim, restariam apenas cerca de 700 mísseis de longo alcance.

"Os iranianos estão disparando menos mísseis porque estão tentando preservar a capacidade para algum momento no futuro, seja por meio de negociações ou para manter algum tipo de capacidade de dissuasão", afirmou Benedict, durante conversa com jornalistas.

As defesas de Israel

O total de mísseis que Israel possui não é conhecido publicamente, mas o país revelou ter diversos tipos de modelos no arsenal. Parte desta vantagem vem de acordos militares com os EUA, que compartilham produtos de ponta.

O sistema de defesa aérea israelense usa mísseis para abater os artefatos vindos do Irã, de vários calibres. O sistema Domo de Ferro, por exemplo, usa modelos menores para abater disparos a até 70 km de distância do alvo. Já os sistemas Arrow 2 e 3 podem conter as ameaças a até 1.000 km de distância. Cada unidade do Arrow 3, no entanto, custa cerca de US$ 3 milhões.

Israel lida, ainda, com o desafio de lidar com outra frente militar ao mesmo tempo. Além do Irã, os israelenses invadiram a Faixa de Gaza.

O general aponta que a produção de armamentos hoje não é tão grande, pois houve poucos conflitos de grande porte na última década. "Não é como na Segunda Guerra Mundial, quando as armas saíam das linhas de montagem. Os mísseis são muito complexos e caros e não houve uma grande demanda ao longo dos anos para fazer com que essa base industrial se mantivesse ativa e capaz de cumprir prazos curtos', disse Benedict.

Ele lembra o caso da Guerra da Ucrânia, em que Kiev depende do envio de armamentos dos EUA e da Europa e na qual o uso de drones, que são bem mais baratos, ganharam força nos combates.

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