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Israel alerta Irã sobre 'consequências' de escalada após interceptação de navio

Incidente ocorre em meio a escalada de conflitos regionais e intensifica receios de uma maior instabilidade no Oriente Médio

Captura da embarcação: um oficial de defesa do Oriente Médio mostra um ataque de helicóptero visando um navio perto do Estreito de Ormuz no sábado, 13 de abril (AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 13 de abril de 2024 às 12h52.

O Irã interceptou, neste sábado, 13, um navio vinculado a Israel, que alertou que a República Islâmica "sofrerá as consequências" de uma escalada em uma região desestabilizada por mais de seis meses de guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.

As forças marítimas da Guarda Revolucionária, o Exército ideológico do Irã, interceptaram um navio cargueiro operado por uma empresa "pertencente ao capitalista sionista Eyal Ofer" no Golfo, informou a agência oficial iraniana Irna.

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Vários comandos abordaram o navio 'MSC Aries' a partir de um helicóptero quando este estava "perto do Estreito de Ormuz", acrescentou.

Havia 25 tripulantes a bordo, segundo o armador suíço-italiano MSC disse à Irna.

Israel alertou que o Irã, seu arqui-inimigo, "sofrerá as consequências" de qualquer escalada. "Estamos prontos para reagir", disse o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.

A interceptação do navio ocorre em um contexto de tensões crescentes no Oriente Médio, tendo como pano de fundo a guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza, desencadeada por uma incursão sangrenta de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.

As tensões aumentaram ainda mais com o bombardeio do consulado iraniano em Damasco, em 1º de abril. Teerã, que perdeu dois dos seus generais no ataque, culpou Israel e avisou que não ficaria impune.

Temendo uma escalada, o Ministério da Defesa dos Estados Unidos, aliado de Israel, informou na sexta-feira o envio de "recursos adicionais" à região "para reforçar os esforços de dissuasão e aumentar a proteção das forças americanas".

Os receios de uma regionalização do conflito surgem enquanto Catar, Egito e Estados Unidos, mediadores de uma trégua em Gaza, aguardam uma resposta à sua mais recente proposta de cessar-fogo.

"Pânico total"

França, Alemanha e Estados Unidos recomendaram aos seus cidadãos que se abstivessem de viajar para o Irã e várias companhias aéreas suspenderam os seus voos para o país.

Teerã não indicou se a apreensão do navio já é uma resposta ao ataque mortal ao seu consulado em Damasco.

"Há uma semana que os sionistas estão em estado de pânico total e em alerta", disse neste sábado Yahya Rahim Safavi, conselheiro do líder supremo do Irã, citado pela agência Isna.

"Eles pararam o ataque militar a Rafah", no sul de Gaza, e "como não sabem o que o Irã quer fazer, eles e os seus aliados estão aterrorizados", acrescentou.

A incursão islamista de 7 de outubro no sul de Israel deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

O movimento islamista também fez 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.686 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

O Exército israelense anunciou neste sábado que continuará as suas operações no centro de Gaza, após a retirada das suas tropas de Khan Yunis, no sul deste território em ruínas.

Um vídeo da AFP mostra o que resta de uma mesquita em Deir al Balah. O Exército "exigiu evacuar toda a área" antes de destruí-la "em questão de minutos", disse Abdullah Baraka, uma testemunha.

O conflito, além do número significativo de vítimas, deixou a maioria dos quase 2,5 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome, segundo a ONU. O cerco israelense impede a entrada da ajuda humanitária de que o pequeno território necessita.

Adolescente israelense "assassinado" na Cisjordânia

A guerra também é sentida do outro lado da fronteira. Sirenes aéreas soaram na cidade israelense de Sderot na sexta-feira e o Exército interceptou foguetes lançados de Gaza.

Mais ao norte, no sul do Líbano, o Exército israelense disse neste sábado que bombardeou "um grande complexo militar" do movimento Hezbollah, aliado do Hamas, apoiado pelo Irã, um dia depois de o movimento xiita ter disparado "dezenas de foguetes contra posições israelenses".

Além do Líbano, existem outros grupos apoiados pelo Irã na região, inclusive no Iêmen e na Síria.

O conflito também alimentou a violência na Cisjordânia ocupada, onde foi encontrado o corpo de um adolescente israelense desaparecido no dia anterior.

Benjamin Achimeir, de 14 anos, foi "assassinado" em um "ataque terrorista", disse o Exército.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, instou os colonos israelenses na Cisjordânia a pôr fim aos "atos de vingança" que foram desencadeados contra os palestinos por causa deste drama.

Acompanhe tudo sobre:IsraelConflito árabe-israelense

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